Um 33 senil, sábio amigo!
Armindo Mendes
Ligar o som, prazer maior, a meio volume…
Escolho vinil, um 33 senil, sábio amigo!
À meia-luz, Monitor Audio soa a perfume…
Na posição fetal, na carpete, falo comigo!
O saxofone soa metais, o baixo murmura…
Sinto o seu bafo estremecendo entranhas!
Que interpelam o vácuo que perdura…
E aguilhoa ganas de ousar façanhas!
Lengalengas lamechas pontuam pensamentos…
Ora melancolias, ora memórias, até fantasias!
O vinil é assim, um velho que sussurra fragmentos…
É quente o acento, tanto que adocica profecias!
E aquela trova com sotaque do Norte quer dormir…
É fim de dia, de fadigas imensas, que nos vencem!
Já sonho ser feliz, que o vácuo se foi, vou sorrir…
O vinil acabou… O sonho acordou… As ganas se esvaem!
Armindo Mendes
Agosto de 2022
publicado às 00:31
Fui voando, vendo tudo lá de cima
Armindo Mendes
Naquela jornada ousei, levantei do ninho, batendo certas asas que não sabia possuir.
Que voo aquele, fingindo de albatroz, a partir da Princesa do Tâmega, num dia quente de maio, mas temperado por aguaceiros! E lá fui guinando a estibordo e a bombordo, consoante os caprichos da rosa dos ventos, como ventura de estar vivo.
Subi alto e vi nuvens, serras e mares, com formas de água, em jeito de devaneios, utopias, quimeras.
E, tímido, fui voando, vendo tudo lá de cima.
Apendera a esvoaçar!
Que sonho aquele!
publicado às 15:46
Armindo Mendes
VIDEO
Às vezes gosto de escrever sobre ecos e sombras!
Coisas estranhas neste tempo que sou!
Numa torre altaneira imagino a olhar-me nos olhos turvados e a navegar entre brados
Na insónia sonho o que sonhei ontem para os amanhãs, hoje pretéritos
E crer no retorno das ondas salgadas ao areal, de cabelos grisalhos à nortada
Abraço-me, tremo, vagueio à bolina da madrugada, ao virar da página.
Atalho quieto, sozinho como gosto, ouço a "ronca" da Póvoa na neblina
E a traineira no fim do mar, em silhueta, é ponto de luz que me amansa
Gosto da maresia de setembro. Sento-me na areia, saltito descalço entre algas e mexilhões
Que bom rever rochedos onde brinquei em menino com um baldinho
E imaginar os castelos na areia com sonhos à janela e pontes que fiz
Mas que a água levou, curioso prenúncio de destino. Adormeço!
Armindo Mendes
publicado às 00:29
Armindo Mendes
publicado às 00:49