São marés de sal!
Imensidão salgada, aqui regresso para falar contigo!
Ergo os olhos, à sombra da luminária, para mirar austral!
Saúdo a luz que se apressou a partir, comigo ao postigo!
Atlânticas são assim - meridionais eu sei - são marés de sal!
Sem remedeio, apenas achar-se!
Gosto de sarrabiscar letras nas folhas de nada. De mim!
Sou compasso de ecos e sombras que se repetem, em matiz, escura.
De sonhos, de amanhãs, de outonos em revoltas, sem fim…
Nas folhas, borrifo alma, vaga à noite, no teclado perdura.
Comigo, olho-me, asas de papel, nas minhas mãos…
Se caneta fosse, pedaços de nada e de tudo. No dedilhar!
São bramidos, sem brado, são tremores como Fénix sem vãos
À procura de luz, de volta, atrás do muro, para nada esperar!
Nesta trova de caligrafia à toa, no que se tornou…
Verso desengraçado, como se reino meu acabasse.
Mistério de ficar no casulo, sem chama, sem filtro sou…
Num acaso sem caso, sem remedeio. Apenas achar-se!
05-01-2023