Ao subirmos a serra de carro, nas curvas e contracurvas das terras do Mondego, despontam caprichos da natureza como este, que ganham formas curiosas, para turista ver e tirar retratos digitais!
E nós, olhado a rocha, logo comparámos com silhuetas humanas, neste caso, diz-se por lá, a “cara de uma velha”, olhando o horizonte…
Atravessar o passadiço para virar costas a tantas coisas que nos consomem é a vontade que se sente, ante o cansaço por tantas circunstâncias, de seres menores, que parecem só existir, por trás do penedo, para tornar mais íngreme a caminhada dos que ousam subir a colina, de costas direitas!
O fado dita estas coisas que tentam deter as almas
No alto da serra, da Estrela talvez, vê-se mais longe, sente-se mais alto, cheira-se mais intensamente, ouve-se mais grave, apesar da neblina, sobre a rocha glaciar outrora, hoje miradouro dos sonhadores ou precipício dos prostrados.
Que experiência esta, olhar em redor, em câmara lenta, como nos filmes, com ar rarefeito, mas de peito cheio para a vida, desafiando os queixumes da serrania.
Ventando forte na Torre, porque o fado dita estas coisas que tentam deter as almas.
Mas são essas, hirtas, que vencem, porque acreditar é ímpeto maior nestes carreiros que sobem a montanha da vida, rumo à canção de sermos nós, sempre, uma balada!
Há sítios mágicos, como este, na Rota das Faias, em Manteigas, na Serra da Estrela.
Sítios onde nos sentimos em casa, um lar ancestral, tão belo quanto esta alameda, de folhagens mágicas, de tons tão quentes, com raios de sol entre chuviscos que brotam abençoados das nuvens de São Martinho na serra, de ares tão cristalinos que, inspirando profundamente, nos enriquecem o espírito e nos fazem crer que, naquelas paisagens, de peito cheio de paz, somos privilegiados por estarmos ali, por um bocadinho fazermos parte desse universo maior, saboreando-o.
Foi assim, há dias, e foi tão bom caminhar por trilhos, no sobe e desce da Estrela, ora à chuva, ora ao sol, com as partidas do outono, com o Zêzere, bebé ainda, sempre por ali tão perto, barulhento e fresco para nos molhar as botas, quando saltitamos entre as pedras do trilho ou passamos por pomares de macieiras, de castanheiros, de medronheiros, de nogueiras, de oliveiras e arbustos de azevinho à beira da aldeia, sem pressas, porque o tempo por ali sabe esperar pela fotografia certa…