Num mar ao avesso?
Sentado numa rocha vejo a luz do meu mar
Estou ali, só, e vejo a minha pele descoberta
A água é sal que chega para a dor atiçar
A maresia de Norte com a alga partiu para parte incerta?
O Norte, como a estrela, diz-se, é o rumo ao polo certo
Mas como é o polo do Norte ou do Sul num mundo ao avesso?
O sol na linha do horizonte à espreita da Boa Esperança ou do deserto
A tempestade trará a bonança? É como eu, trovador, assim peço.
No meu mar vejo marujos e sereias envoltos em papoilas e malmequeres
No meu mar salgado vejo montanhas verdejantes pintadas de cerejeiras
No meu mar vejo rios, vejo os acasos serem fecundos para todos e quaisquer
No meu mar há corações sem sangrar para sorrirem nas floreiras.
Armindo Mendes