No Alvão, serra imensa, à saída do Minho, às portas de Trás-os-Montes, respira-se melhor…
Os vastos bosques de pinheiros resinosos enchem o ambiente de cheiros frescos que nos fazem mais novos, monte acima, com energia, à procura do rio, atrás do som das águas, entre as rochas das Fisgas e o solo fofo da caruma… que pisamos com prazer…
Depois, sim, que bom… chega o fim de tarde, com o sol que se põe, atrás da encumeada, sempre imponente, com os seus raios de mil tons alaranjados entre o arvoredo, até nos tocarem o rosto, tépidos, que retemperam a brisa fresca… que convida a um agasalho que prenuncia a noite…
É hora de descer a montanha com as baterias carregadas, à espera do regresso, mais cedo que tarde, para ver o sol pôr-se de novo!
Descer as entranhas do Alvão, nas curvas e contracurvas da estrada, rumo a Mondim, é uma experiência sempre nova, a cada retorno àquele paraíso, nas cercanias da nossa “civilização”…
E depois, parando na berma da estrada, caminhando no trilho acidentado, colina acima, olhando as montanhas, tão imponentes quanto arredondadas, num fim de tarde quase solarengo que aguarda a primavera.
Percebe-se que elas, as montanhas, se alongam, preguiçosas, até outras serranias, como o Marão e a Meia-Via, mas orgulhosas pelos fios de água do Olo, cristalino, que descem, como véu de noiva, em socalcos rochosos, nas Fisgas de Ermelo, até uma poça fresca, com cheiro a resina, coaxar das rãs, milhafres que voam em círculos, num cenário extraordinário da natureza selvagem… que contemplamos, mudos na admiração, imóveis no tempo, sentindo a aragem!
Aqueles bosques abrigados enchem-nos de gentileza, pelas longas vistas de verde nas encumeadas ricas de sombras, e pelas pinhas que vão caindo ao lençol de caruma que cobre os chãos, ao lado da cabana florestal…abrigo de montanha, de tempos idos.
Nas aldeias encravadas na serra, quase sem gente, de telhados toscos, partem os últimos rebanhos que desafiam o futuro, teimando, até que a vontade canse o pastor…