Presépio artesanal de S. Luís, em Paredes, assinala 25 anos
Armindo Mendes
O presépio de S. Luís, em Beire, Paredes, está a assinalar 25 anos de existência com dezenas de novas peças de madeira feitas pelo artesão Domingos Teles.
"Este ano estreamos mais algumas peças, mas já não temos muito espaço disponível", contou à Lusa o artesão de 74 anos, que ocupa os fundos da sua habitação com um presépio que reúne alguns milhares de peças.
Segundo Domingos Teles, quase tudo o que pode ser observado resultou da sua habilidade para a arte de trabalhar a madeira.
"Desde muito pequeno que adoro presépios e faço peças em madeira", contou, explicando que só quando se fixou em Paredes, há 25 anos, é que decidiu montar todo o seu espólio e mostrá-lo ao público.
"É a minha maior felicidade"
"Desde então numa mais parei", disse.
Todos os anos, contou à agência Lusa, centenas de pessoas visitam o presépio e "ficam maravilhadas com o pormenor de muitas peças".
"É a minha maior felicidade ver que as pessoas que vêm de todo o lado e acham isto bonito. É para isso que eu trabalho", observou com a voz embargada.
A sua alegria também se percebe quando, espreitando por uma frincha da porta, observa uma decoração luminosa que a junta de freguesia, pela primeira vez em 25 anos, mandou instalar junto à sua casa, assinalando o presépio.
Durante todo o ano, o artesão trabalha em novas peças, desde casas, até moinhos, passando por imagens de santos e animais esculpidas em madeira.
"Acho que tenho algum jeito", comentou, enquanto, com a voz meiga, mas determinada, dava indicações ao filho José Domingos para corrigir a disposição de algumas peças.
"Estou a ficar velho. É ele que me ajuda na montagem", explicou, apontando para as luzes e algumas peças com movimentos, animadas por motores elétricos cuja manutenção está a cargo do filho.
Ao lado, a mulher, Matilde Sousa, aproxima-se e deixa escapar uma lágrima quando conta a paixão do marido pelo presépio.
"É tudo para ele. Eu ajudo-o como posso porque ele merece", afirmou, rindo ao observar Domingos Teles que não parava de pedir uns últimos retoques nas luzes que enfeitam o presépio.
Vestido de forma simples, o artesão é incansável nas explicações para todos os quadros religiosos do presépio, falando com pormenor das imagens mais relevantes e do seu significado bíblico.
Mas, percebe-se são as miniaturas em madeira das igrejas, de sua autoria, que mais o emocionam.
De repente, defronte para a reprodução da capela da sua aldeia, baixou-se e apontou para os bancos de madeira, amplamente iluminados, que não foram esquecidos no interior da miniatura.
"Não esqueço nada", disse, rindo.
O presépio está dividido em três partes: os momentos que antecederam o nascimento de Cristo, aquele em que Maria deu à luz em Belém e alguns episódios que marcaram a vida de Jesus.
Numa zona distinta, encontram-se milhares de peças de cariz mais profano, que refletem sobretudo o quotidiano rural do Vale do Sousa, no período em que Domingos Teles era menino.
Mais uma vez, as igrejas, as oficinas e as casas das redondezas sobressaem, mas também não faltam os riachos, com os seus moinhos movimentados, as procissões com todo o tipo de andores, e quadros festivos, incluindo um carrossel cheio de luzes de muitas cores cintilantes.
O presépio de Domingos Teles, chamado de S. Luís, por estar próximo da capela consagrada àquele santo, na localidade de Beire, Paredes, pode ser visitado, graciosamente, até ao final de janeiro.
Armindo Mendes
in "Tâmega Online"