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Marca d'Água

Marca d'Água

26
Out23

À espera do rubro fruto!

O peito maior, sabe disso


O coração dita coisas lindas...

Num mundo trajado de flores de cerejeira...

E ele, o peito maior, sabe disso...

cerejeiras em Flor fundão 042023.jpg

Só há que o abrir, palpitações, arrepios...

Sentir o travo nas entranhas!

Depois, as abelhas da Gardunha vão encimar a alma até uma colmeia de favos belos e doces...

O mel acaricia-nos, à espera do rubro fruto!

 

 

 

29
Set23

Pétalas de sol, como cabelos à aragem!

Meseta de girassóis altivos ou flores lavanda, de ameno lilás!


Está a chover lá fora, que torrente além da vidraça…

Detido aqui, faz vento, faz tempestade!

Por detrás do sopro que se faz baço, não sei que faça…

Talvez seja domingo, para quedar-me sem vontade!

 

Comando na mão, salto e salto de canal…

Piadas do Baião ou do Toy, cantorias desafinadas, sem jeito!

À meia luz, sob a manta, adormeço, em tarde sem sal…

Vou ali, não sei onde, mas com algo no peito.

Girassol estilizado Espanha.jpg

Acordo, nas lonjuras, num sítio com travo citrino

Meseta de girassóis altivos ou flores lavanda, de ameno lilás!

Festim de fragâncias, subtis, redondas, de tato feminino...

Ou pétalas de ouro, como cabelos à brisa que neste prado faz!

campos de lavanda.jpg

 

 

23
Set23

Na alma, a eito. 


Que é o teu vulto, tão sereno!  

 

O que vale uma flor?  

Vale a beleza, a singeleza...

O que vale uma pétala? 

Vale na mão, o toque, a delicadeza. 

 

Um botão de rosa é sublime, belo... 

Balsama a alma, tão bom, tê-lo!  

Fulge ao sol, amacia a pele...

No cabelo, ao vento, lindo vê-lo! 

 

Seguro nas minhas mãos, a rosa! 

Que é um vulto, tão sereno! 

Acaricio-a, peteio-a nesta prosa...

A flor ri para mim, de olhar eterno...

 

Sou sonhador nestas derivas…  

Trémulo, tomo a rosa, hoje, no meu peito. 

No bolso da minha camisa, bem ficas, 

É emoção cristalina, na minha alma, a eito. 

 

 

20
Mar23

Primavera és fonte, ventre de luz

Acorde de flauta, eterna salva…


Margaridas Parque de Vilar3.jpg

Ò Primavera, bem-vinda sejas, de volta…

Por onde andaste, tanto tempo, ausente?

Estiveste longe ou andaste perdida, à solta?

Pouco importa agora, voltaste bela, contente!

Flor trilho da levada.jpg

O Inverno já lá vai, do frio, dos dias petizes…

Ò Diva das margaridas, no regaço borboletas trazes

E prados viçosos, fofos, para os amores felizes…

Andorinhas do Sul voltaram, que bela arte fazes.

Maragarida parque de vilar 2.jpg

Os ribeiros estão alegres, nas cachoeiras cantas…

As cerejas vão nascer, para nos corar

Piqueniques no Gerês, arraiais até às tantas

No carvalhal chilreias, para todos encantar…

árvore inverno Melgaço II copiar.jpg

Primavera és nascente, ventre de luz, flor alva...

Rainha em cada recomeço, todos os anos, assim.

Sol e Lua saúdam-te, em acorde de flauta, eterna salva…

Sim, és  bela cegonha em voo de paz e amor, sem fim…

 

31
Out22

Até onde a chama houver...

... numa ode ao deleite dos sentidos...


... dos dedos agitados do guitarrista, da subtileza que afaga a harpa, da voz do tenor que se ergue para lá do comum-mortal, do requinte do xilofone ou do sopro de prata do trompetista transpiram ecos, como os gemidos do violino e os graves da bateria que calam o silêncio da superficialidade, como a pena do escritor que rabisca à luz da vela com palavras de narrativas uma folha branca, para a transformar num soneto de belas rimas ou numa ode ao deleite dos sentidos, da contemplação, da imaginação de contextos, de amores arrebatadores, que até as telas de cinema obsequiam em grandes produções que só a sétima das artes ousa fazer, num clímax de emoções, até onde a chama houver...

23
Abr22

Pontos de amarelo ouro

Sugando cada grão, sem pressa!


camélia com abelha 2022c.jpg

Hoje fui abelha ali, molhado, na flor branca quase neve…

Com volúpia, suguei todo o seu rico alimento.

Ousei ficar mais feliz, sobre aquela pétala breve…

Com graça ei-de voltar para saborear o doce momento!

 

Visitei aquele encanto, com perfume a felicidade…

Na camélia alva subtil, sugando cada grão sem pressa!

Generosa dádiva da natureza, com delicada vontade…

Pólen para sagrado mel, o milagre de adoçar a tristeza!

 

A flor da japoneira tem pontos de amarelo ouro!

É tão fofa, tão frágil, esta singela oferenda.

Tão atraente, é a vida, o mais belo tesouro…

Tê-la no meu colo foi sorte minha, tremenda!

 

22 abril de 2022

23
Abr22

Não são poemas, porque o sol mal espreita

Gotas de chuva, como diamantes desfocados


Tulipa preo de branco.jpg

Dedos começaram, trémulos, a rabiscar rascunho de palavras que se vão acomodando para formarem estrofes de sentimentos e devaneios cruzados, como bafejo de primavera, ora sol, ora chuva, por entre nuvens matizadas, de cinzentos em degradê.

 

Nesta folha branca, do acaso, deixo-me flutuar, com braços que me enlaçam o peito, para sentir o meu palpitar, de olhos semifechados, à meia-luz, que quase me oculta o rosto.

Não são poemas, porque o sol mal espreita e faz frio!

São prosas, afinal, estes dias sem pedigree, jornadas de espera, paciência ansiosa, no desejo que o ímpeto tempere de novo a saga de ser, que percorre cada artéria da vontade de um simples mortal.

As folhas da palmeira vão-se agitando se graça do lado de fora da janela, com a vidraça de gotas de chuva, como diamantes desfocados, e luz de inverno, como espelho do momento, um intervalo, como aguaceiro feroz, rua abaixo, na aldeia, que vai passar, para logo a tarde se trajar de amarelo torrado.

Nesta alameda da vida, desconfiado, aperto o casaco, cubro a cabeça com capuz, para me proteger de não sei o quê, como fazemos quando sonhamos a preto e branco, olhando em redor, procurando o sentido real das coisas e, em sobressalto, acordamos cansados, exaustos da correria, mas aliviados por ter acabado a sofreguidão.

23 de abril

27
Mar22

Prados acordados, por magia, de novo!

Vestes de pétalas à brisa saltitando da alcofa


Hoje dei uns passos na aldeia, reencontrei velha amiga, a Primavera

Bela deusa com flores me presenteia

Amarelos viçosos e brancos mármore à espera

Prados acordados, por magia, de novo!

 

Esquilos ensonados espreitam para ver se a diva chegou…

Sim, ela, com cara de Vénus, ali levando cesto de calor e bonança para o povo

Cuco avisa a vizinhança que o Inverno já passou

Primeiro dia crescido do ano, que bom…

Mais horas para temperar o entardecer, com folha de louro

O sol deitou-se tarde, prometeu amanhās de bom tom…

Mas a levada vai quase vazia, o moinho teme pelo seu tesouro

A chuva de abril há-de cair

Gotículas mil para saciar a sede do regato

Porque a Primavera é fértil para os celeiros provir

O povo vai celebrar, com malhões na eira e presunto no prato

Nos atalhos do bosque, a terra já é fofa

Muros trajam musgos e hera

E há vestes de pétalas à brisa saltitando da alcofa

E o cheiro a mel ao vento, humm… valeu a espera!

Promaver na aldeia.jpg

Os dias longos vão aquecer

Os frutos vermelhos vão adoçar

Os ninhos com crias a crescer

E Cupido nos corações dos amantes vai tocar

 

Armindo Mendes, 27 de março de 2022

23
Mar22

Quando a noite cai

À sombra, como guiga à bolina


azenhas Amarante.jpg

Palavras, forma de esboços de nós

Letras, formas de fios de água do peito

Rascunhos, formas de rabiscos a sós

Folhas brancas, formas de desabafo a eito.

 

Quando a noite cai, a luz esvai-se

Quando a noite cai, o semblante esmorece

Quando a noite cai, a vontade contrai-se

Quando a noite cai, o coração amolece.

 

Luz apagada, olhamos para dentro

Luz apagada, as nossas entranhas

Luz apagada, âmago em nós, ao centro

Luz apagada, rodopios em nós, suplicamos manhãs.

 

Sol raiou, acordar sobressaltado

Sol raiou, noite, ao postigo desassossego passou?

Sol raiou, vulto ao espelho, lavado

Sol raiou, não sei para onde vou.

 

Na rua, olho tudo, vejo pouco

Na rua, dou passos, sem em andar a pé

Na rua, o jornal do mundo louco

Na rua, como Pascoaes, tomo café.

 

Sigo a alameda, à beira rio, para a neblina

Sigo, costas ao sol, para o açude

Sigo à sombra, como guiga à bolina

Sigo inquieto, como poeta, do que não pude.

 

Sento no muro, Tâmega, confidente

Sento, procuro papel e caneta

Sento para escrever, sem jeito fluente

Sento, traço espírito meu em silhueta.

Amarante cidade rio Tâmega copiar.jpg

O Covelo, nas águas, espelho de nós

O Covelo dos gansos idos para algures

O Covelo das inundações sonhos levar

O Covelo dos arcos da ponte para nenhures.

 

Escrita de coisas em dia sem graça

Escrita sem nexos, após noite sem parar

Escrita de estados que alma perpassa

Escrita que o tempo vai esbater, sem obliterar…

 

Armindo Mendes, 23 de março de 2022

 

 

 

18
Mar22

Véu para as lágrimas, refúgio das feridas

Papoila no cabelo, como um só!


Lisboa à noite.jpg

Mão folheia livros do sim e do não…

Hieróglifos de odisseias, de moldes de bustos.

Pinceladas de Gioconda, James Last de acordeão…

Calo de enxada, punho de brutos!!!

 

Mamilo de mãe para saciar…

Afago em rosto enrugado da avó.

Mão de pai grisalho de tanto amar

Papoila no cabelo, como um só!

 

Mão na dor, no aceno, nas eternas partidas?

- Dedo em riste, palmas: humanos como são.

E véu para as lágrimas, refúgio das feridas?

- Cicatrizes, mão cerrada, sob o pontão.

 

Armindo Mendes, 18 mar 2022

18
Mar22

Dar a mão não é mandar…

Bolero de unhas em dança, no pico da ilha


Papoila Alentejo.jpg

Mão é extremidade do coração?

- Talvez feições do peito, dedos sem voz.

Mas na palma há riscos de canção?

- Às vezes, trovas entrelaçadas, mesmo sós

 

Com galanteio, rogar mão amada?

Ofertar-lhe mão forte!

Deitar mão a tudo e nada?

- Além, no celeiro, à procura de sorte.

 

Dar a mão não é mandar…

É não ter mãos a medir!

Bronze e pérola, dois a acreditar…

Para dedos entrelaçados florir!

 

A mão ampara, percorre, arrepia…

A mão aquece, aponta o caminho.

A mão benze na fé, alumia!

Com Ele, não estás sozinho!

 

A mão dócil vê, repousa no regaço!

Mão cheira a ternura, a folia…

Primeira mão, primeiro abraço...

Beijo molhado que o coração alumia.

 

Mão no baton, no fogo, na luxúria…

Não ter mãos a medir na partilha…

É tricotar, câmara lenta, com fios de fúria…

É bolero de unhas em dança, no pico da ilha.

 

Armindo Mendes, 18 mar 2022

17
Mar22

Riacho que desconfia do fim

Em breve limbo de açucenas


Rio Jugueiros.jpg

Ao espelho fosco sou letargia

Olhos escuros, húmidos, parados

Brechas despidas de fantasia

Pensares por ora estagnados

 

Expressão frívola, sem luz, sim

No cantinho do costume

Riacho que desconfia do fim

À corrente do queixume

 

Que treme, acerca-se a cachoeira

É pequena, mas receia cair

Esconde-se na trincheira

Leito onde nada, imóvel, para fugir

 

Espelho: “Que pessoa és?

Braços tombados, olhar vazio?

Agarrado ao cabo com os pés?

Retorcido, sem ganas de porfio?

 

… Vai, deixa-te ir na corrente…

É calma, sem Adamastor, vais ver.

Dobrarás talvez pungente

Mas, se ousares, boiarás para viver.

 

Senta-te na folha de outono, navega!

Segue nas águas de vagas serenas

Inspira, vê a natureza sôfrega

Verás em breve limbo de açucenas

 

Olharás o céu desnudar-se, inspira

Invernos idos de lareira arrefecem

Mas abril da utopia desabrochará

julhos dos calores, sim, florescem!

 

 17 março de 2022

 

 

16
Mar22

Na música das artes...


... A música é uma das seis artes clássicas e o que de mais belo convoca um dos cinco sentidos humanos: a audição - um carreiro para a nossa alma.

A clave de sol abre alas para a pauta das notas em partituras de sopro, voz, cordas, percussão e eletrónica que a batuta do maestro cadencia.

Há séculos idos, a criatividade humana criou a magia da música.

Como o pintor renascentista na tela, o ator de, toga, no coliseu de Roma ou Mérida, declamando Omero, ou o escultor de Creta no mármore dando forma a Ulisses, o compositor imagina e pinta ressonâncias, dá linhas de melodias a uma amálgama de notas musicais, dó, ré, mi, tão sabiamente encadeadas que resulta em fá, sol, lá, quais obras-primas, como as valsas, as sinfonias, os fados ou as óperas dos autores clássicos, e até no pop-rock dos nossos tempos, numa linguagem universal, de Behtovan a  Pink Floyd, que escusa legendas e une os povos à volta de uma canção de amor, de uma trova que exalta valores, um hino trauteado em todas as latitudes geográficas e de peitos de aquém e além mar, não importa a cor da pele ou o credo.

Dos dedos agitados do guitarrista, da subtileza que afaga a harpa, da voz do tenor que se ergue para lá do comum-mortal, do requinte do xilofone ou do sopro de prata do trompetista transpiram ecos, como os gemidos do violino e os graves da bateria que calam o silêncio da superficialidade, como a pena do escritor que rabisca à luz da vela com palavras de narrativas uma folha branca, para a transformar num soneto de belas rimas ou numa ode ao deleite dos sentidos, da contemplação, da imaginação de contextos, de amores arrebatadores, que até as telas de cinema obsequiam em grandes produções que só a sétima das artes ousa fazer, num clímax de emoções, até onde a chama houver.

É a dança das artes que no palco dos vivos e dos nossos maiores já partidos, com alma, rasga a banalidade, que faz de nós seres com pracetas de estilos vários, que, nas calçadas da nossa quietude, à lareira ou na margem do riacho, clamam por ritmos, cores, declamações a partir do Restelo, ou poemas, sermões aos peixes e outras linguagens para os sentidos, esses, os nossos pelo coração ligados, que dão sentido à vida, que nos tocam o âmago, como uma música, a da nossa vida, que nos tatua a alma, como um campo de malmequeres que ondulam ao vento, por entre a neblina fresca da alvorada ou páginas de um livro aberto ou uma tela de Van Gogh, em tons ora pastel ora arco-íris.

A música é contemplação e o janelo para olharmos com os ouvidos, de peito feito, para o milagre de sentirmos, de existirmos...

16
Mar22

Cone de Vulcano que abraça a lagoa

Pedaços de terra do mar se ergueram para tantos cantares


Hoje “andei” nas Atlântidas, esmeraldas dos lusitanos mares

Porque em quase todas, deixei frações de mim

Nos seus mistérios avistei Açores em longos voares

Como aves que dos cumes veem formosura sem fim

Pedaços de terra do mar se ergueram para tantos cantares

nacer so sol Ilha das Flores.jpg

Que inveja não poder voar, planar sobre o verde intenso

Tomar aquela bruma, como navio com maré à proa

Ver bosques encantados de criptomérias e incenso

E o cone de Vulcano que em basalto abraça a lagoa

E o chapéu do Corvo que esconde o caldeirão imenso

 

Nas águas calmas das Sete Cidades ser peixe e nadar

No azul e verde cálido das lágrimas da lenda

Ter Gorreana com lêvedo para amantes saborear

No Cerrado das Freiras amores obsequiam a oferenda

Ou nas Flores, na Fajã Grande, o sol poente nos deleitar

 

Abundâncias de prazer descem a encosta em fumarola

E nas poças termais da Caldeira Velha ou Terra Nostra chapinhar

À volta, floresta exótica de aromas de enxofre que consola

Além, o mar beija as negras areias para Neptuno se deleitar

Com as violas de corda da Terceira que choram modas da cantarola

Açores Ilhas das Flores poer do sol.jpg

Fajãs belas sem igual, canto maior para cascatas

Cristalinas caem das serranias e fertilizam povoados

Aldeias de casas caiadas ou negras de gentes pacatas

Quintais com muros de hortências guardam bovinos gados

Filarmónicas, casas do povo, para domingos de gravata

Fotos Açores 2014 São Jorge e Pico (18) copiar.j

Dos vulcões admirar as ilhas da vizinhança em espelho

No azul sem fim, contemplar cetáceos em baile da natureza

No parque saborear queijo de S. Jorge e quiçá verdelho

Mergulhar nas grutas, tubos das lavas há milhões, proeza

Laurissilva densa, árvores até ao céu, em cada concelho

 

Centenários moinhos de velas brancas são as coroas de terra nobre

Como as prateadas de Espírito Santo, porque a fé ali é eminente

Os faróis hirtos na costa alumiam o que neblina recobre

Alcatra para o almoço, peixe-espada para a janta quente

Inhame e leite, sustento açoriano, que sempre sobra

São Roque do Pico.jpg

Praças, fachadas, igrejas coretos, chaminés, jardins dos povoadores

Nas vilas, aldeias e cidades das Atlântidas, tantas joias

Fortalezas, palácios, marinas de gin tónico, velejadores

Nas ruas de história, vemos o Minho, o Alentejo e terras saloias

Sotaques, costumes, doçaria de gentes dignas, as dos Açores!

 

16 mar 2022

 

12
Mar22

Cinco sentidos!

Esperança, brumas das Atlântidas


Açores Ilhas das Flores poer do sol.jpg

Tato, poder alma de outrem afagar; Tato, dedilhar-lhe o coração; Tato, olhos sem brilho enxugar; Tato, abraço de pai em rebento filho; Tato, percorrer pele sem destino, volúpia; Tato, cama sôfrega ou dar a mão!

 

Olfato, prados de aroma em Sol maior; Olfato, fragrâncias do corpo doce de amoras; Olfato, entender cada flor carmesim, Afrodite até ser dia; Olfato, abrir cacifos de música em cristal; Olfato, desnudar de papoila, em pátio de Córdova, peito cheio...

 

Paladar, como vida, ora doce, ora sem graça; Paladar, sabor a framboesa coberta de agridoce; Paladar, manjar de castanha, espírito Luso, o fado; Paladar, gelado de manga, em dança de bombons! Paladar, amêndoas recobertas de mel, após frutos do mar!

 

Audição, aquele flautim de palpitações da vida; Audição, queixumes, contrabaixo sem voz, só dor; Audição, em León, delírio de Kitaro que serena; Audição, sinos de Mafra que atiçam seres sem flama; Audição, liras de assombros ou violinos de amor!

 

Visão, Cosmos na penumbra da sorte; Visão, ver rimas de afetos na autora; Visão, esperança nas brumas das Atlântidas, cabelos à maresia no canal; Visão, nos feitiços da Lua os fragmentos d`alma;

Visão, palatos, partituras, odores de centeio, sermos maiores!

 

Armindo Mendes, 12 de março de 2022

nacer so sol Ilha das Flores.jpg

28
Dez21

Diferentes de antes


flor vermelha.jpg

Hoje apetece escrever, faça-se, agora, sem ter sequer mote.

Há dias em que parece viajar à bolina, não se sabe de quê.

É algo que se ignora, mas que guia a sorte.

Segue-se para onde? Para quando? Saber-se-á porquê?

 

Aqueles ápices em que tudo e nada parece igual…

Os passos tornam-se indefinidos, reflexo disto e daquilo

No peito, pontadas de inquietudes, palpitações sem final!

Desconchego que consome a lucidez em sigilo.

 

Questões do que se é, do que se faz, o que sente

E o que querem que se seja ou se faça

Curvados pelo “tem de ser”, um muro em frente!

Mas não se é, é-se o que se impõe, qual mordaça?

 

Lança-se amarras, tantas condicionantes

Fica-se tolhido, coartado daquilo que se quer

E quando, esgotados, ousais ser diferentes de antes

Recriminados sois, só por ser!

13
Dez21

Alegria é mentira a rebate


Alegria é saboroso?

Alegria é estar em graça!

Alegria é deleitar-se com gozo

Alegria é rir sem graça na praça!

 

Alegria é um pavão colorido

Alegria é um peixe de coral

Alegria e um prado florido

Alegria é canto de pardal

 

Alegria é na lagoa a volúpia!

Alegria é abraço imenso!

Alegria é aquele arrepio

Alegria é gostinho intenso!

 

Alegria é assim!

Alegria é olhar a pessoa desejada.

Alegria é dar a mão, sem fim!

Alegria é gargalhar cada piada!

 

Alegria é caminhar ao lado

Alegria é trocar olhares

Alegria é dar colo sentado

Alegria é restituir mirares

 

Alegria é ofertar flores

Alegria é estar perto

Alegria é sonhar com ardor

Alegria é sofrer, peito aberto

 

Alegria é palrar

Alegria é confiar

Alegria é partilhar

Alegria é não porfiar

 

Alegria é desejar

Alegria é voltar a ter

Alegria é juntos trilhar

Alegria é a dois viver

 

Alegria tem aroma silvestre

Alegria tempera a alma

Alegria é papoila campestre

Alegria é dedilhar a palma

 

Alegria é palhaço triste que ri

Alegria é céu de sol laranja

Alegria é verde Açores, ali

Alegria é afagar a franja

 

Alegria é o filme da vida

Alegria é aquela banda sonora

Alegria é poema de rima sortida

Alegria tristeza não por ora.

 

Alegria é coração que bate

Alegria é lágrima, um fado!

Alegria é mentira a rebate

Alegria é soluço, embargado.

 

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