Recordando Puebla de Sanabria
Quando a história não tem fronteiras nas vidas das gentes
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Admirado o aqueduto romano que justamente faz famosa a urbe castelhana, de repente, à frente de nós, um castelo de encantar, como nas "estórias" dos Pequenos Vagabundos"...
Que bonito, que saboroso, este pedaço de fantasia, com uma traça que me fez contemplá-lo e lembrar quando os sonhos de criança, numa televisão a preto e branco, eram aventuras e fantasias ao sábado à tarde, tão cheias de cores garridas, como estas de Segóvia...no seu belo alcázar...
Há aldeias assim tão especiais, como Puebla de Sanábria, em Zamora, Espanha, muito perto da fronteira portuguesa, que alguns dizem estar entre os “pueblos” mais bonitos do país vizinho.
A quase mil metros de altitude e a poucos quilómetros do imponente lago glaciar de Sanábria (o maior da Península Ibérica), eis um pequeno povoado, sobranceiro ao rio Tera, cheio de história e com tanta coisa para admirar… em pequenos pormenores, num povoado rodeado por altas montanhas e mil lagoas de água cristalina…
Sobretudo o seu casco histórico medieval, bem preservado, começando pelo seu castelo do século XV e pelas suas ermidas com traços românicos, não esquecendo as ruas estreitas, com belas casas de telhados negros e de varandas de madeira embelezadas por vasinhos com muitas flores, fazendo lembrar Córdova, chegando à Praça Maior, onde todos se encontram para conviver à volta de uma mesa, como dita a tradição castelhana…
Basílica Menor de Torre de Moncorvo, uma igreja quinhentista concluída no início do século XVII, situada no centro daquela vila transmontana.
É enriquecedor conhecer as urbes a pé…
Só assim as conhecemos bem, acredito nisso!
Por entre ruelas, becos e pracetas, de dia ou à noite, costumo fazê-lo à procura de pedaços, de recantos, de pormenores que nos detêm a atenção, que nos fazem pensar no seu significado, o que nos querem dizer, que nos questionam, como esta paisagem urbana, como naquele momento em que registei este "quadro em contra-luz" com a minha câmara, na cidade de Valladolid, em Espanha…
Somos interpelados por aquela luz, de relance…
Visitar Segóvia, cidade espanhola Património da Humanidade, significa chegar aqui e ficar espantado com a imponência de uma estrutura arquitetónica com cerca de dois mil anos, o aqueduto romano, que terá sido construído no século I Depois de Cristo para fazer chegar água potável à urbe.
No seu ponto mais alto, a partir de uma das principais praças da cidade, eleva-se a mais de 28 metros, com duas filas de arcos sobrepostos.
É incrível observar, num feito de engenharia espantoso, como foi possível, há dois mil anos, erguer uma estrutura com aquela imponência, formada por mais de vinte mil blocos de granito, e que até ao século de XIX ainda funcionava como aqueduto que abastecia Segóvia.
Mais do que as palavras, ficam as imagens, apesar destas não conseguirem mostrar, em todo o seu esplendor, a imponência do conjunto monumental situado numa cidade cujo centro histórico recheado de monumentos de várias épocas vale a pena visitar!
As pontes, engenhos humanos, como estes dois exemplares, unem gentes e lugares (Buda a Peste) separados por rio imponentes, como o Danúbio, aqui em Budapeste, na Hungria, num romantismo único, feito de palácios e jardins de encantar, como nos romances clássicos, que nos fazem parar a qualquer hora, deixando o tempo preguiçar, na corrente que se vai, sem pressa, por entre sotaques, apenas desfurtando do momento, à espera da fotografia certa, no relógio que corre do meio dia à meia noite!
A Basílica de São Francisco de Paula, um imponente templo neoclássico, localizado na Praça do Plebiscito, no coração da cidade de Nápoles, é um dos monumentos mais impressionantes daquela urbe do Sul de Itália.
Nossos recantos, como os das vilas, abrigos são!
Como jogo de luminárias, entre luzes, fachadas… de recobro…
Portas se fecham, brechas se abrem. Entramos! Ou não?
Contenda diária, à procura do trilho, à varanda, quase soçobro…
Há castelos que nos tocam, como este em Mogadouro, do tempo dos templários, do século XII… uma época de cavaleiros medievais, quando o jovem país ainda se esforçava por se manter independente face às ambições leonesas…
Hoje, o que resta da fortaleza, que é Monumento Nacional, rodeada pela paisagem dourada transmontana, com o burgo aos pés, remete-nos para aquele conturbado período da nossa portugalidade…
Andarmos por lá, sentarmo-nos num muro, num quente fim de tarde, à sombra da árvore, mirando a torre de menagem, é um convite a olharmos o passado que fomos, mas também o presente que somos…
Naquele quase silêncio, refletindo sobre uma simpática vila do interior, com as suas gentes, acossada pelo despovoamento, que luta por se manter viva, orgulhosa da sua história, mas quase erodida pelo “progresso”!
Há monumentos que causam espanto, como este, em Belmonte, as ruínas de uma antiga torre, com cerca de 12 metros de altura e três pisos. No meio do nada, de campos de centeio, não longe da Serra da Estrela, ergue-se aquele edificado que, visto da estrada por quem passa de carro, logo atrai a atenção, obrigando a uma paragem, para perceber do que se trata.
A enigmática torre terá sido erguida nos tempos dos romanos na península, como acampamento provavelmente no século I.
Na área circundante como indicam aparentemente as ruínas, terá existido uma vila, naquele período histórico.
Centum Cellas, assim se designa este Monumento Nacional desde 1927, terá também sido usado na Idade Média como prisão.
É mais uma marca da nossa história, das nossas raízes, que perdura há muitos séculos!