Sabor a água fresca no Bosque dos Avós
Num ápice, momentos assim, mágicos… nas entranhas do Marão…
Ser parte deles é estarmos lá, numa bênção da natureza…
Naquele pedaço de mundo, sem pressas, o pôr-do-sol do alto da serra…
Cheiro a pinho, silêncios na nascente, a frescura no Bosque dos Avós…
"Veja aqui o pôr do sol"!
Desfrutando do "calor" de janeiro, foi bom, merecido, este retrato!
Ou de raios que acalentam mãos frias
Olhamos o céu, no Marão infinito, vemos as formas citrinas das nuvens... Farrapos sobre as montanhas que deixam cair a fragrância das memórias, das subtilezas de acasos, como riachos que se precipitam para a poça.
Ou de raios que acalentam mãos frias, junto à capela, para sermos felizes, nestes dias assim ventosos!
E olhar para poente, indo atrás do Sol que corre para o mar…
À espera da Lua! E na encosta, os tapetes de flores sem fim.
Os gados que rodeiam a capela, onde se quer ficar…
Onde existe um solitário banco de pedra para descanso em mim.
Tantos suspiros no sopro fresco de lá do Marão…
Como o verão que aquece, apetece abrir e enlaçar tudo!
É tatuagem cravada no colo para memória, naquele quinhão,
Algo encantador, imponente, na nossa insignificância que ali saúdo !
Com as estrelas, a hora de partir vai de chegar,
Até lá, não se pare de sonhar, desça-se o trilho da aldeia.
Para encontrar o avô e a avó de alguém e medronhos provar,
Guardiões de outras vivências da serra, sapiência que encandeia.
Sabedoria aquela dos avós dos nossos avós…
E o velho pastor que encaminha as cabras, como outrora.
Que traz de um passado, lá do baú, na colina do tempo,
Um mundo que ouso sonhar : é nosso pelo tempo fora!
No pico da montanha dos sonhos, inspirando fundo !
Olha-se o horizonte, vêem-se as serranias em redor e, acreditar , o rio solitário no sopé.
E o silêncio só perturbado pelo fresco entardecer ou pela real águia que observa dos céus do mundo .
Eis o Marão de pintores, poetas e corações cravados em amarantinas violas , belo que é!
Armindo Mendes
O coração dita coisas num cantinho de silvestres flores…
E ele, o coração, bate, cresce , sabe disso!
Abri-lo é sentir delírios, às vezes dores…
Depois, as abelhas lá do Marão vão lavar a alma , qual feitiço!
Que bela colmeia de coisas doces,
O mel feito alma, inocência, em cada um!
Colmeia intimista dádiva de luz , alvorada precoce…
Ou dia de primavera sob chuva de estrelas, ainda em jejum.
O coração é reportório de coisas, às vezes rechonchudas…
E cabe sempre mais um bocadinho, grande ou pequenino.
E apertar cada pitada, em palavras ao ouvido , carnudas…
Para o antro se tornar terno, agridoce ou de travo fino .
E deixar entrar mais abelhas do pólen neste sublime caminho…
Da felicidade, da paz, da querenç a, da vontade de dar, que não finda.
As obreiras são assim, voam baixinho, são mensageiras do amor…
Em abraço, da vida, da esperança, que coisa, meu Deus, tão linda!