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Marca d'Água

Marca d'Água

05
Jan24

Reverência à mãe-natureza

Ousadia de saborearmos tudo, que privilégio!


Ilha Graciosa baleia rochosa.jpg

Ofegante pela subida, no cimo do penhasco voltado ao mar, olhos postos no farol, aquele objeto mágico que fascina, que se destaca nesta vista quase lunar, de tons de argila, rochas descomunais e texturas movediças.

Farol da Ilha Graciosa3.jpg

Nesta atlântida, o ar que se respira é uma delícia, em cada travo, uma mescla marinha, fresca, com pedaços de solo vulcânico, morno, não longe de campos agrícolas onde pastam os gados das touradas à corda.

Olhando o mar lá no abismo, rosnando de encontro às rochas, sentimo-nos exíguos, guardamos reverência à magnificência da mãe-natureza…

É magia!

É tempo de descansar, caminhando pé ante pé no sobe e desce do cenário ondulante da arriba que nos surpreende em cada relance, com plantas de formas estranhas ou aquelas linhas desenhadas nas rochas, além, no mar, pelos caprichos da erosão sob a forma de uma baleia, um ex-libris da ilha, para ver de todos os ângulos, em admiração.

Farol da Ilha Graciosa2.jpg

No topo de farol, como na Ilha da Fantasia, lá do alto, com ventania, de onde aponta o foco de luz aos veleiros, a vertigem de ver tudo, como um alcatraz, de asas abertas, sobrevoando em círculos…

Uma volta de 180 graus, com tempo para os sentidos todos, em êxtase, absorverem cada porção cénica.

Do mar turquesa, ao interior da ilha ornamentado com belos moinhos e muros de pedra negra, tanta coisa para a nossa memória guardar, num manjar para os sentidos que quase nos empanturra.

Farol da Ilha Graciosa5.jpg

Sim, cheiramos o oceano infinito e o campo, imaginamos os mil focos de luz do farol apontados às noites de nevoeiro, os mosaicos de verde dos prados e os traços da costa, em rebuliço.

Saboreamos o sal no vento marinho, escorre no rosto a maresia e, sorrindo, levamos as mãos ao rosto para sentirmos que tudo é real!

Somos pequenos, pessoas, mas temos a ousadia de saborearmos tudo, que privilégio!

Somos do tamanho de gente, ante a grandeza da natureza, à procura do farol que nos ilumine e guie, na barca da vida…

16
Mar22

Cone de Vulcano que abraça a lagoa

Pedaços de terra do mar se ergueram para tantos cantares


Hoje “andei” nas Atlântidas, esmeraldas dos lusitanos mares

Porque em quase todas, deixei frações de mim

Nos seus mistérios avistei Açores em longos voares

Como aves que dos cumes veem formosura sem fim

Pedaços de terra do mar se ergueram para tantos cantares

nacer so sol Ilha das Flores.jpg

Que inveja não poder voar, planar sobre o verde intenso

Tomar aquela bruma, como navio com maré à proa

Ver bosques encantados de criptomérias e incenso

E o cone de Vulcano que em basalto abraça a lagoa

E o chapéu do Corvo que esconde o caldeirão imenso

 

Nas águas calmas das Sete Cidades ser peixe e nadar

No azul e verde cálido das lágrimas da lenda

Ter Gorreana com lêvedo para amantes saborear

No Cerrado das Freiras amores obsequiam a oferenda

Ou nas Flores, na Fajã Grande, o sol poente nos deleitar

 

Abundâncias de prazer descem a encosta em fumarola

E nas poças termais da Caldeira Velha ou Terra Nostra chapinhar

À volta, floresta exótica de aromas de enxofre que consola

Além, o mar beija as negras areias para Neptuno se deleitar

Com as violas de corda da Terceira que choram modas da cantarola

Açores Ilhas das Flores poer do sol.jpg

Fajãs belas sem igual, canto maior para cascatas

Cristalinas caem das serranias e fertilizam povoados

Aldeias de casas caiadas ou negras de gentes pacatas

Quintais com muros de hortências guardam bovinos gados

Filarmónicas, casas do povo, para domingos de gravata

Fotos Açores 2014 São Jorge e Pico (18) copiar.j

Dos vulcões admirar as ilhas da vizinhança em espelho

No azul sem fim, contemplar cetáceos em baile da natureza

No parque saborear queijo de S. Jorge e quiçá verdelho

Mergulhar nas grutas, tubos das lavas há milhões, proeza

Laurissilva densa, árvores até ao céu, em cada concelho

 

Centenários moinhos de velas brancas são as coroas de terra nobre

Como as prateadas de Espírito Santo, porque a fé ali é eminente

Os faróis hirtos na costa alumiam o que neblina recobre

Alcatra para o almoço, peixe-espada para a janta quente

Inhame e leite, sustento açoriano, que sempre sobra

São Roque do Pico.jpg

Praças, fachadas, igrejas coretos, chaminés, jardins dos povoadores

Nas vilas, aldeias e cidades das Atlântidas, tantas joias

Fortalezas, palácios, marinas de gin tónico, velejadores

Nas ruas de história, vemos o Minho, o Alentejo e terras saloias

Sotaques, costumes, doçaria de gentes dignas, as dos Açores!

 

16 mar 2022

 

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