Pedaço de história com gente dentro para revisitar, um dia, com certeza!
Naquele casario, entre as montanhas mágicas de Sanabria, abrigadas pelo castelo medieval de Puebla, lá estavam as casas com varandas floridas, as ruas estreitas e íngremes, as ermidas góticas e as gentes da raia, como as de antanho...
Que teimam em resistir ao desgaste voraz da “civilização” digital que os turistas impõem à passagem barulhenta!
Mas nem todos veem a urbe com os mesmos olhos!
Os meus, lá do alto da torre, quedaram-se em tantos pedaços de pedra, fachadas de passado brasonado, que nos interpelam, entre umas quantas fotografias para mais tarde lembrar aquele regresso ao sítio onde um dia tinha passado, a correr, a caminho de León, para assistir a um memorável concerto de Kitaro!
Admirado o aqueduto romano que justamente faz famosa a urbe castelhana, de repente, à frente de nós, um castelo de encantar, como nas "estórias" dos Pequenos Vagabundos"...
Que bonito, que saboroso, este pedaço de fantasia, com uma traça que me fez contemplá-lo e lembrar quando os sonhos de criança, numa televisão a preto e branco, eram aventuras e fantasias ao sábado à tarde, tão cheias de cores garridas, como estas de Segóvia...no seu belo alcázar...
Figura escultórica de Dom Quixote de La Mancha que pode ser encontrada no Castelo de Puebla de Sanabria, do século XV.
Na famosa obra de Miguel de Cervantes, são conhecidos os cenários das aventuras e desventuras de Dom Quixote e Sancho Pança que levam também à região de Sanabria.
Esta figura em bronze, junto à qual os visitantes do castelo tiram fotografias (eu incluído), alude a essa referência histórica.
Há aldeias assim tão especiais, como Puebla de Sanábria, em Zamora, Espanha, muito perto da fronteira portuguesa, que alguns dizem estar entre os “pueblos” mais bonitos do país vizinho.
A quase mil metros de altitude e a poucos quilómetros do imponente lago glaciar de Sanábria (o maior da Península Ibérica), eis um pequeno povoado, sobranceiro ao rio Tera, cheio de história e com tanta coisa para admirar… em pequenos pormenores, num povoado rodeado por altas montanhas e mil lagoas de água cristalina…
Sobretudo o seu casco histórico medieval, bem preservado, começando pelo seu castelo do século XV e pelas suas ermidas com traços românicos, não esquecendo as ruas estreitas, com belas casas de telhados negros e de varandas de madeira embelezadas por vasinhos com muitas flores, fazendo lembrar Córdova, chegando à Praça Maior, onde todos se encontram para conviver à volta de uma mesa, como dita a tradição castelhana…
A imponência de um monumento com 2000 anos de história
Visitar Segóvia, cidade espanhola Património da Humanidade, significa chegar aqui e ficar espantado com a imponência de uma estrutura arquitetónica com cerca de dois mil anos, o aqueduto romano, que terá sido construído no século I Depois de Cristo para fazer chegar água potável à urbe.
No seu ponto mais alto, a partir de uma das principais praças da cidade, eleva-se a mais de 28 metros, com duas filas de arcos sobrepostos.
É incrível observar, num feito de engenharia espantoso, como foi possível, há dois mil anos, erguer uma estrutura com aquela imponência, formada por mais de vinte mil blocos de granito, e que até ao século de XIX ainda funcionava como aqueduto que abastecia Segóvia.
Mais do que as palavras, ficam as imagens, apesar destas não conseguirem mostrar, em todo o seu esplendor, a imponência do conjunto monumental situado numa cidade cujo centro histórico recheado de monumentos de várias épocas vale a pena visitar!
Visitar Pompeia é uma experiência marcante. Por muitas razões!
Mas, o que mais me marcou, foi observar, “In loco”, as réplicas dos corpos de humanos e animais carbonizados pelas cinzas da erupção do Vesúvio, no ano 79 d.C, descobertos quando foram realizados os trabalhos arqueológicos, a partir do século XVIII, naquela antiga cidade romana.
Faltam as palavras para descrever estas imagens, numa urbe que foi, outrora, grande!
No romantismo de Budapeste, nas margens do Danúbio
As pontes, engenhos humanos, como estes dois exemplares, unem gentes e lugares (Buda a Peste) separados por rio imponentes, como o Danúbio, aqui em Budapeste, na Hungria, num romantismo único, feito de palácios e jardins de encantar, como nos romances clássicos, que nos fazem parar a qualquer hora, deixando o tempo preguiçar, na corrente que se vai, sem pressa, por entre sotaques, apenas desfurtando do momento, à espera da fotografia certa, no relógio que corre do meio dia à meia noite!
Subindo uma calçada de Melgaço, de casario austero, à procura do castelo, percebemos uma luminária de linha contemporânea.
Que contraste com as marcas do passado!
Impressões do tempo plasmadas na muralha e na torre de menagem, com as ameias voltadas ao presente, que domina o enquadramento, sobre pedaços de nuvens e fogachos de céu azul, que completam o cenário.
Numa composição de um momento que o fotógrafo desenhou, que a fotografia eterniza, em pedaços do inverno na primavera, nas “trocas e baldrocas” das estações!
Igreja de São Vicente de Sousa numa rota histórica
Há pequenas igrejas românicas, encantadoras, nas aldeias do Tâmega e Sousa, como esta em São Vicente de Sousa, uma joia no concelho de Felgueiras e uma das mais bem preservadas do seu género neste território.
Podemos encontrá-la num vale com bosques, prados e terrenos agrícolas, às portas do rio Sousa, afluente do Douro.
Esta ermida apresenta traços arquitetónicos bem definidos do românico do norte de Portugal, sobretudo o seu pórtico e paredes laterais.
É dos primeiros séculos da nossa nacionalidade e a sua decoração no granito é exuberante, justificando deveras a surpresa e admiração a quem a visita.
Este Monumento Nacional integra a Rota do Românico.
Há castelos que nos tocam, como este em Mogadouro, do tempo dos templários, do século XII… uma época de cavaleiros medievais, quando o jovem país ainda se esforçava por se manter independente face às ambições leonesas…
Hoje, o que resta da fortaleza, que é Monumento Nacional, rodeada pela paisagem dourada transmontana, com o burgo aos pés, remete-nos para aquele conturbado período da nossa portugalidade…
Andarmos por lá, sentarmo-nos num muro, num quente fim de tarde, à sombra da árvore, mirando a torre de menagem, é um convite a olharmos o passado que fomos, mas também o presente que somos…
Naquele quase silêncio, refletindo sobre uma simpática vila do interior, com as suas gentes, acossada pelo despovoamento, que luta por se manter viva, orgulhosa da sua história, mas quase erodida pelo “progresso”!
Há pedaços de tempo para nos tornarmos firmes como esta torre medieval em Melgaço, tantas as tormentas nas cercanias… algumas camufladas de nuvens imaculadas… angelicais… todavia com penumbras ocultas…
Tocarmos a rebate, cerrarmos os portões, revigorarmos as guardas, para resistirmos, iguais a nós próprios, determinados na postura, hirtos nas convicções, no acreditar no copo meio cheio, para onde o ímpeto dos sonhadores que ousamos ser nos conduzir na caminhada da vida, montanha acima!
Monsanto: regresso a tempos idos, por entre lares encaixados em rochas gigantes.
Monsanto, antiga sede de concelho, é uma das mais belas aldeias de Portugal, situada no interior profundo (concelho de Idanha a Nova), não muito longe da fronteira!
Nas últimas décadas, venceu a degradação que o seu casario já acusava e hoje apresenta-se com todo o seu esplendor a quem a visita.
Vale a pena subir a rua principal, sem pressa, e apreciar o seu edificado que diz bem do passado que teve, como sede do concelho, e que honra o país que somos, no presente!
Na primavera e no verão, nas ruas estreitas do velho burgo medieval, rumo ao altaneiro castelo, as janelas, escadarias, varandas e pátios das casinhas de pedra exibem vasos floridos e outros adereços do pretérito rural das suas gentes, como o seu famoso galo no topo da torre da igreja!
Que exercício, o nosso, de regressarmos a tempos idos, entre lares encaixados em rochas gigantes.
E podendo até falar, abrigados do sol, com os poucos residentes, a maioria grisalhos, que ainda por lá vivem, saudando os turistas à passagem!
Que privilégio termos burgos assim, com tão belas luminárias, aconchegadas, como "retalhos" que Fernando Namora descreveu no seu livro!
Há monumentos que causam espanto, como este, em Belmonte, as ruínas de uma antiga torre, com cerca de 12 metros de altura e três pisos. No meio do nada, de campos de centeio, não longe da Serra da Estrela, ergue-se aquele edificado que, visto da estrada por quem passa de carro, logo atrai a atenção, obrigando a uma paragem, para perceber do que se trata.
A enigmática torre terá sido erguida nos tempos dos romanos na península, como acampamento provavelmente no século I.
Na área circundante como indicam aparentemente as ruínas, terá existido uma vila, naquele período histórico.
Centum Cellas, assim se designa este Monumento Nacional desde 1927, terá também sido usado na Idade Média como prisão.
É mais uma marca da nossa história, das nossas raízes, que perdura há muitos séculos!