A beleza das coisas mede-se pelo que elas nos transmitem, simplesmente por serem o que são, sem filtros…
Como esta simples flor, embalada pela aragem, no bulir sem pressa, da aldeia… ela dialoga connosco!
Uma flor aveludada no tato, no aroma e na coloração rubi, um verdadeiro maná para os sentidos dos que veem e sentem além do banal, sem tocar nela, só admirar e, quiçá, cheirar profundamente!
Uma sensação além de nós, um exercício de partilha, no peito, com o que nos rodeia, parte de um mundo vivo, maior do que o néon ou o ‘soud bite’ do momento, de outrém, numa tarde qualquer…
... tão gracioso que ainda não precisamos de pagar para desfrutar
Quando a vida é fel, por vezes, temos de parar e olhar para as coisas lindas que nos rodeiam… …
Entre elas, sim, as flores de belas cores, de fragâncias suaves, que esta Primavera nos trouxe, umas em jardins caseiros, outras, simplesmente, sortilégio, magia, da natureza, num prado qualquer…
Tudo numa aldeia ou cidade com ruas cruzadas de frustrações, angústias, raivas e tantas coisas mais de travo amargo…
Mas, bem-haja também, são ruas com vielas, trilhos, em que, ao passarmos, vemos aquelas flores que bailam ao vento com tanta formusura e sem maldade que o nosso olhar se desfaz em vénias, ficando ali à janela, ante algo tão gracioso que ainda não precisamos de pagar para desfrutar… em deleite...
Numa “humilde” flor do campo, muito pequenina, que brota na nossa ruralidade, numa abelha que busca o seu pólen, num antro de doçura quase mel, tanto para se ver, tanto para se sentir, tanto para, simplesmente, admirar…
Em paz, nestes prados, deixando o tempo fluir devagar, o sol morno a cobrir-nos o rosto, o vento suave a pentear-nos o cabelo… neste cheiro silvestre sob o carvalho…
E ouvir o som das cigarras e dos grilos, uma melodia para os nossos ouvidos, que bom!!!
E, no topo do arvoredo, a passarada, sublime, como violinos afinados!
Todos em êxtase, qual orquestra, com a sinfonia que voltou”, como nós, na Primavera!
Por Penafiel, acontecem coisas assim… ao dobrar da esquina…
Uma flor simples num pequenino jardim romântico do Penafiel, abrigada pelo coreto de tempos idos, atrai a atenção de quem passa, como eu, e vê o que o rodeia, com olhos de atentar, à sua maneira, procurando naquela forma elegante o aroma deixado pelas vidas enamoradas passadas por aquele pedaço de ilusão, bailando à filarmónica!