Dádiva, alvorada precoce
Armindo Mendes
O coração dita coisas num cantinho de silvestres flores…
E ele, o coração, bate, cresce, sabe disso!
Abri-lo é sentir delírios, às vezes dores…
Depois, as abelhas lá do Marão vão lavar a alma, qual feitiço!
Que bela colmeia de coisas doces,
O mel feito alma, inocência, em cada um!
Colmeia intimista dádiva de luz, alvorada precoce…
Ou dia de primavera sob chuva de estrelas, ainda em jejum.
O coração é reportório de coisas, às vezes rechonchudas…
E cabe sempre mais um bocadinho, grande ou pequenino.
E apertar cada pitada, em palavras ao ouvido, carnudas…
Para o antro se tornar terno, agridoce ou de travo fino.
E deixar entrar mais abelhas do pólen neste sublime caminho…
Da felicidade, da paz, da querença, da vontade de dar, que não finda.
As obreiras são assim, voam baixinho, são mensageiras do amor…
Em abraço, da vida, da esperança, que coisa, meu Deus, tão linda!
Armindo Mendes