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Naquele casario, entre as montanhas mágicas de Sanabria, abrigadas pelo castelo medieval de Puebla, lá estavam as casas com varandas floridas, as ruas estreitas e íngremes, as ermidas góticas e as gentes da raia, como as de antanho...
Que teimam em resistir ao desgaste voraz da “civilização” digital que os turistas impõem à passagem barulhenta!
Mas nem todos veem a urbe com os mesmos olhos!
Os meus, lá do alto da torre, quedaram-se em tantos pedaços de pedra, fachadas de passado brasonado, que nos interpelam, entre umas quantas fotografias para mais tarde lembrar aquele regresso ao sítio onde um dia tinha passado, a correr, a caminho de León, para assistir a um memorável concerto de Kitaro!
Há aldeias assim tão especiais, como Puebla de Sanábria, em Zamora, Espanha, muito perto da fronteira portuguesa, que alguns dizem estar entre os “pueblos” mais bonitos do país vizinho.
A quase mil metros de altitude e a poucos quilómetros do imponente lago glaciar de Sanábria (o maior da Península Ibérica), eis um pequeno povoado, sobranceiro ao rio Tera, cheio de história e com tanta coisa para admirar… em pequenos pormenores, num povoado rodeado por altas montanhas e mil lagoas de água cristalina…
Sobretudo o seu casco histórico medieval, bem preservado, começando pelo seu castelo do século XV e pelas suas ermidas com traços românicos, não esquecendo as ruas estreitas, com belas casas de telhados negros e de varandas de madeira embelezadas por vasinhos com muitas flores, fazendo lembrar Córdova, chegando à Praça Maior, onde todos se encontram para conviver à volta de uma mesa, como dita a tradição castelhana…
É enriquecedor conhecer as urbes a pé…
Só assim as conhecemos bem, acredito nisso!
Por entre ruelas, becos e pracetas, de dia ou à noite, costumo fazê-lo à procura de pedaços, de recantos, de pormenores que nos detêm a atenção, que nos fazem pensar no seu significado, o que nos querem dizer, que nos questionam, como esta paisagem urbana, como naquele momento em que registei este "quadro em contra-luz" com a minha câmara, na cidade de Valladolid, em Espanha…
Somos interpelados por aquela luz, de relance…
Adoro visitar cidades históricas, a começar pelo meu berço, Guimarães, a mais encantadora de Portugal.
Os centros históricos das urbes dizem muito das suas raízes, das suas tradições, das suas gentes, nomeadamente as fachadas do casario, com as suas janelas, as suas varandas, os seus telhados, as suas chaminés, as suas luminárias, retratando a "impressão digital" de cada território, da cada região.
Para um nortenho como eu, o Alentejo torna-se especial, porque a sua arquitetura é muito diferente do que encontramos “cá em cima”, onde prevalece o granito, em vez do calcário do Sul, de tons mais claros.
As fachadas brancas alentejanas, com “molduras” de várias cores, sobretudo o amarelo, encantam-me.
Évora é uma cidade que apresenta bonitas fachadas, umas mais bem preservadas do que outras. Mas na Praça do Giraldo, no coração da cidade, encontramos bonitos edifícios que dão um encanto especial à urbe, assim como nas ruas adjacentes, onde o comércio voltado para os turistas representa demasiado ruído!