Viena romântica, de encantar!!!
Palácios como líamos nas histórias de fantasias ao deitar
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Admirado o aqueduto romano que justamente faz famosa a urbe castelhana, de repente, à frente de nós, um castelo de encantar, como nas "estórias" dos Pequenos Vagabundos"...
Que bonito, que saboroso, este pedaço de fantasia, com uma traça que me fez contemplá-lo e lembrar quando os sonhos de criança, numa televisão a preto e branco, eram aventuras e fantasias ao sábado à tarde, tão cheias de cores garridas, como estas de Segóvia...no seu belo alcázar...
Subindo uma calçada de Melgaço, de casario austero, à procura do castelo, percebemos uma luminária de linha contemporânea.
Que contraste com as marcas do passado!
Impressões do tempo plasmadas na muralha e na torre de menagem, com as ameias voltadas ao presente, que domina o enquadramento, sobre pedaços de nuvens e fogachos de céu azul, que completam o cenário.
Numa composição de um momento que o fotógrafo desenhou, que a fotografia eterniza, em pedaços do inverno na primavera, nas “trocas e baldrocas” das estações!
Há pedaços de tempo para nos tornarmos firmes como esta torre medieval em Melgaço, tantas as tormentas nas cercanias… algumas camufladas de nuvens imaculadas… angelicais… todavia com penumbras ocultas…
Tocarmos a rebate, cerrarmos os portões, revigorarmos as guardas, para resistirmos, iguais a nós próprios, determinados na postura, hirtos nas convicções, no acreditar no copo meio cheio, para onde o ímpeto dos sonhadores que ousamos ser nos conduzir na caminhada da vida, montanha acima!
Aqui nasci e medrei nestas terras santas de Guimarães, o meu berço e também da minha pátria!
Que orgulho por ter tido a distinção de ter na minha Guimarães um símbolo tão essencial da portugalidade, como é o seu imponente castelo, onde tudo terá começado…hoje repositório do orgulho nacional, das nossas raízes como povo!
Eis a colina sagrada, com a capela de S. Miguel, onde, diz a lenda, terá sido batizado o nosso primeiro rei, e junto dela onde corri quando era pequenino, acompanhado do meu pai, que me contava quando também ele, enquanto criança, viu a reconstrução do castelo…
E com os meus olhos de menino fitados nas enormes paredes de granito do Minho, com as suas ameias, com os seus portões, com os seus arcos perfeitos românicos… que me viram, já adolescente, admirá-los!
No alto da torre de menagem, tanta vertigem, a bandeira com a cruz azul sobre fundo branco, a primeira de Portugal, de D. Afonso Henriques, que ainda hoje se pode observar nos dias solenes, como o 24 de Junho, Dia Primeiro de Portugal…feriado no meu berço... e que devia ser de Portugal também!
Um castelo medieval e o Paço dos Duques de Bragança que ainda hoje me fazem fantasiar com as aventuras de cavaleiros medievais que eu via, menino, nos meus livros de figurinhas aos quadradinhos!
E aquelas armaduras prateadas, brilhantes, que os guerreiros da Reconquista, com o seus escudos longos envergavam lá no alto de uns cavalos brancos, vistos nas Gualterianas, elegantes, na rua de Santa Maria acima, até ao trono do Rei, em reverência, como nós, hoje ainda!
Castelo e muralhas de Burgos, Espanha
Percorrer os caminhos de Portugal, como tanto gosto de fazer, permite-nos ver aldeias históricas encantadoras, escondidas pelo tempo, mas que, sabiamente, têm sido recuperadas e preservadas, sobretudo na Beira Interior.
Há, felizmente, alguns bons exemplos, como este, em Castelo Novo, no concelho de Fundão, cuja recuperação do edificado tem sido notável nas últimas décadas.
Já lá não ia há mais de 20 anos e lá voltei agora. Que agradável surpresa ver como floresceu aquele burgo que um dia vi quase abandonado.
Ver, agora, aquele casario, fontes, pelourinhos, palacetes brasonados, capelas, ruelas de pavimentos íngremes, pracetas ao virar da esquina, com tantas marcas medievais, destacando-se, obviamente, o seu castelo no topo do maciço rochoso, proporciona-me uma grande satisfação e orgulho de que, quando há vontade, mesmo o mais difícil se torna possível.
Caminhar lentamente na malha de artérias de Castelo Novo é gratificante, com tanto para apreciar, com fachadas em granito de casas de encantar, de pequenas janelas, onde os gatos, por entre as cortinas bordadas, de olhos fitos, veem quem passa, num domingo solarengo, de um azul céu infinito, de manhã, quando a missa de Ramos vai começar e os sinos tocam alegres à passagem da pequena procissão, com algumas crianças felizes.
E a aldeia tem uma paisagem circundante maravilhosa, onde não faltam trilhos pedestres para descobrir, no sopé da Gardunha, nesta Primavera cheia de flores, verdes viçosos nos prados, linhas de água cristalina à entrada da pequena urbe e fragâncias silvestres, como as da Cova da Beira, com sabor a cerejas, mel e laranjas à mão de semear!
E há castelos imensos de sonhos para contar, este ou outro qualquer, só há que abrir as asas e voar.
Sem medos, deixar a caneta voar, voar, voar!
É lindo olhar o mundo lá de cima, ficar tão leve e sentir a brisa que refresca a alma.
Que espicaça nas asas de um devaneio que se pode contar em estrofes de encantar.
E fazer cantigas de amigo ou cantigas de amor, sem contar, com ritmos e tons que as letras vão mostrando, como notas musicais!
Armindo Mendes