Pedaço de história com gente dentro para revisitar, um dia, com certeza!
Naquele casario, entre as montanhas mágicas de Sanabria, abrigadas pelo castelo medieval de Puebla, lá estavam as casas com varandas floridas, as ruas estreitas e íngremes, as ermidas góticas e as gentes da raia, como as de antanho...
Que teimam em resistir ao desgaste voraz da “civilização” digital que os turistas impõem à passagem barulhenta!
Mas nem todos veem a urbe com os mesmos olhos!
Os meus, lá do alto da torre, quedaram-se em tantos pedaços de pedra, fachadas de passado brasonado, que nos interpelam, entre umas quantas fotografias para mais tarde lembrar aquele regresso ao sítio onde um dia tinha passado, a correr, a caminho de León, para assistir a um memorável concerto de Kitaro!
A beleza das coisas mede-se pelo que elas nos transmitem, simplesmente por serem o que são, sem filtros…
Como esta simples flor, embalada pela aragem, no bulir sem pressa, da aldeia… ela dialoga connosco!
Uma flor aveludada no tato, no aroma e na coloração rubi, um verdadeiro maná para os sentidos dos que veem e sentem além do banal, sem tocar nela, só admirar e, quiçá, cheirar profundamente!
Uma sensação além de nós, um exercício de partilha, no peito, com o que nos rodeia, parte de um mundo vivo, maior do que o néon ou o ‘soud bite’ do momento, de outrém, numa tarde qualquer…
Flores silvestres que brotam com o milagre renovado da Primavera
Registos fotográficos com um simples telemóvel, o que tínhamos à mão numa caminhada matinal na aldeia, aproveitando o céu azul e o sol de primavera, respirando o ar puro da ruralidade!
Ainda há aldeias assim, escondidas, nas terras do Tâmega e Sousa, por onde, ao caminharmos por entre ruas estreitas, de sobe e desce, casas com paredes de outros trempos e onde quase não há gente, percebemos o que fomos no passado e somos convidados a refletir sobre o que somos no presente e para onde pretendemos ir amanhã...
Imponente, verde, xistosa às vezes, oferece a quem a visita vistas maravilhosas, bosques viçosos e românticos com rebanhos e pastores, e aldeias encantadas, num cenário quase de poesia.
Somos convidados a desfrutar, em caminhadas, paragens para demorada contemplação, boquiabertos, e saborosos piqueniques, com quedas de água e pequenas poças cristalinas, mesmo ali, debaixo da ponte, ao lado deste muro de pedra coberto de musgo!
No Piódão, subimos e descemos calçadas, entre casinhas de pedra xistosa, todas abraçadinhas, no meio dos montes como aquelas dos contos de criança, a preto e branco, com que adormecíamos, à voz do papá ou da mamã, para sonharmos noite fora!
Sonhemos pois, porque assim somos, sonhadores, a cores, vida fora!
Texto e fotos: Armindo Mendes (Direitos Reservados)