Rio assim...
Mãos dadas ao ziguezague do rio, sob pontes…
Caminhar junto ao Douro é mágico, a multiplicar…
Ver-nos, entreabertos, ao espelho de água que corre para o mar…
No outono da vida, irmos atrás rio, levitando, seja só na vontade…
Preencher o peito com a brisa e abrir os braços…
Abraçar, como feitiço, parte igual em quadro de afetos…
Que mudam, cada estação, das camélias às margaridas…
Dos sabores citrinos, da Pala, às compotas de cerejas, de Resende…
Em festival de palatos ou botões de rosa, em canteiros de Midões…
Num estágio de vida, da passarada que parte para Sul, epifania sem palavras…
Só emoções, energias percorrem corpos, como marcas que formam rimas
Vemos os barcos de turistas da moda que passam, acenando entre margens…
Sentado ao sol, nesta pedra, para aquecer as mãos, escrever no coração…
Ou seguindo, mãos dadas com o ziguezague do rio, sob pontes…
Vemos casinhas de lousa, caminhos estreitos, chaminés com pedaços de calor…
Onde moram capelas austeras, memórias de reconquistas afonsinas, templárias…
Como outrora, é a busca do raio de sol, nestes passadiços, para amornar dias frios…
Além, atrás, a neblina, porque o Inverno está a chegar!