Prantos sem voz
Chorar ao ver folha que desce.
Chorar quando apetece.
Chorar repisando passados.
Chorar memórias aos bocados.
Chorar na alma a chover…
Chorar no coração a verter!
Chorar no olhar dentro, fora…
Chorar no existir, agora!
Chorar no andar nas memórias…
Chorar no sentir pedaços, histórias…
Chorar é sal sobre ferida.
Chorar é arrepio de dor sofrida!
Chorar é ver perto o ausente.
Chorar é provar dor diferente!
Chorar é ver despedida que sacode.
Chorar é abraçar quem não se pode!
Chorar é clamar sem voz.
Chorar é escrevinhar por nós.
Chorar é verso de rima incerta.
Chorar é tingir dor que aperta!
Chorar é agarrar sem apertar…
Chorar é abraçar sem estar!
Chorar é carga no peito
Chorar é gritar sem efeito!
Chorar pranto à luz da lareira!
Chorar em dia de bruma na eira!
Chorar é ápices que tive!
Chorar é suportar o que se vive!