Prados acordados, por magia, de novo!
Vestes de pétalas à brisa saltitando da alcofa
Hoje dei uns passos na aldeia, reencontrei velha amiga, a Primavera
Bela deusa com flores me presenteia
Amarelos viçosos e brancos mármore à espera
Prados acordados, por magia, de novo!
Esquilos ensonados espreitam para ver se a diva chegou…
Sim, ela, com cara de Vénus, ali levando cesto de calor e bonança para o povo
Cuco avisa a vizinhança que o Inverno já passou
Primeiro dia crescido do ano, que bom…
Mais horas para temperar o entardecer, com folha de louro
O sol deitou-se tarde, prometeu amanhās de bom tom…
Mas a levada vai quase vazia, o moinho teme pelo seu tesouro
A chuva de abril há-de cair
Gotículas mil para saciar a sede do regato
Porque a Primavera é fértil para os celeiros provir
O povo vai celebrar, com malhões na eira e presunto no prato
Nos atalhos do bosque, a terra já é fofa
Muros trajam musgos e hera
E há vestes de pétalas à brisa saltitando da alcofa
E o cheiro a mel ao vento, humm… valeu a espera!
Os dias longos vão aquecer
Os frutos vermelhos vão adoçar
Os ninhos com crias a crescer
E Cupido nos corações dos amantes vai tocar
Armindo Mendes, 27 de março de 2022