Partidas assim...
Tão inesquecível quanto a beleza da silhueta da Berlenga
Visitar as Berlengas é místico para uns quantos…
É verão, faz calor!
Ao chegar, após viagem à proa da embarcação, quase tocando o mar, uma reentrância, de águas turquesa e rochas bronzeadas, recebe e convida a subir a encosta, até ao topo, o que se faz de pronto, com tantas gaivotas sobrevoando a ilha maior.
Os olhos veem tudo em redor, mas o trilho é estreito, um pouco íngreme até!
Ah, meu Deus!!! Um travo de ar salgado... As paisagens valem o esforço, deixando espaço para devaneios.
Por instantes, ocorre o filme “Os Pássaros”, de Alfred Hitchcock, com aquela cacofonia das gaivotas, quase assustadora, que faz olhar o céu, vezes sem conta, mas o perigo não mora ali - as aves apenas saúdam os visitantes, talvez!!!
Olhando em redor, tanto mar, tantas ondas que se abraçam às grutas do ilhéu, em calmia...
E há o vento morno de norte - bem-vindo sejas - que levanta o cabelo e refresca o rosto ressequido pelo sol do meio-dia.
Baixar os óculos de sol e sentir aqueles ares atlânticos, apontando a nascente, para admirar o casario branco de Peniche, a cerca de 12 Km, numa península com “lobos do mar”.
A caminhada faz-se sem esforço, no topo da ilha!
Olhando à esquerda, a belíssima baía de águas coloridas, com o forte de São João Batista, a única construção a sério da ínsua.
No antro do pedaço de terra, o farol, que se ergue para espanto de quem por lá passa, parando, olhado-o!
À direita, no oceano, as traineiras que trazem carapau e a sardinha da faina, para gáudio da passarada, num cenário que enche o peito de quem vê.
A vegetação é rasteira, com muitos chorões floridos, e convida a descansar, sem olhar para o relógio, para mais uma observação atenta das aves que sobrevoam a ilha, em bando caótico, como pontos brancos que parecem dançar o twist, no céu azul… Ao fechar os olhos, vê-se ainda melhor!
A Berlenga Grande é pequena, com cerca de 1,5 Km, ponto a ponto, mas tem graça!
Visitá-la é uma experiência tão inesquecível quanto a beleza da silhueta da ilha que se deita no mar, ao pôr do sol, no regresso a Peniche.
Feliz, na popa da embarcação, olhar sumiço para registo do momento, em fotografia... E guardam-se as vistas, no coração, em tintas doces-pérola, para sempre!