Para o coração de Amarante, fitá-lo!
Abro os braços meus para abraçar cada bocadinho
Abro o peito meu para sentir cada pedaço
Abro o coração meu para palpitar o carinho
Abro a alma minha para saborear o teu regaço.
Caminho ali entre carvalhos, becos e guigas
Caminho de mão dada com o rio dos altos poetas
Caminho na passerelle de belas raparigas
Caminho em solos de pintores a óleo e quiçá profetas.
Abro os olhos meus e vejo o manto da princesa
Abro os olhos meus e vejo os sabores dos conventos
Abro os olhos meus para as preces ao beato, a promessa
Abro os olhos meus tacteio as rosas dos ventos.
És bela, ò terra de gentes grandes das artes
És belo, ò Marão hirto nos cumes de orgulho imenso
És belo, ò Tâmega quando chegas ou quando partes
Sois belos, Amadeo ou Pascoaes, de esplendor intenso.
Afago os jardins das resistências heroicas ao franco canhão
Afago as praças das cheias que sangram as nossas memórias
Afago as pontes, açudes e azenhas de tempos que já lá vão
Afago violas com corações e rabecas das amarantinas histórias.
Subo a São Pedro, subo a São Domingos e a Santa Clara, em encanto
Subo as calçadas dos já partidos e miro a varanda dos reis, de São Gonçalo
Subo à Madalena, São Veríssimo, Santa Luzia e ao Covelo, que olho com espanto
Subo ao Conselheiro ou Solar dos Magalhães para o coração de Amarante, fitá-lo!