Ora carvão, longe ou perto de nós, os outros.
Às vezes, a nossa alma, cova de desassossegos, transfigura o que os nossos olhos veem!
Inebriados por formosura e graça mil das flores das amendoeiras, levantamos o rosto para o calor, são pontos de luz de alva e difusos que nos interpelam a cada momento, cada piscar de olho, cada franzir, cada fogacho de sorriso de nós desnudado sob o azul céu, celeste até não podermos mais, cada ponto de epiderme, cor de xisto, subtil como o Tua.
O astro, fonte de vida, é soberano. Obscurece, com brilho de quartzo, o ferro de Moncorvo dissimulado em nuances de candeeiro, a luz nossa, tão fraca quanto a pétala de camélia de Basto que o vento leva.
Não longe de Marialva, aldeia cofre de tanta história, apontamos a lente, projeção de nós, sob tanta inquietação e registamos, sem filtros, na quietude da contemplação, a inquietação de sermos, afinal, tão frágeis, tão suscetíveis, levados pela torrente de tão humanos, como os das gravuras do Coa, no cantinho das quimeras, ora neve, ora carvão, longe ou perto de nós, os outros.