Dar a mão não é mandar…
Bolero de unhas em dança, no pico da ilha
Mão é extremidade do coração?
- Talvez feições do peito, dedos sem voz.
Mas na palma há riscos de canção?
- Às vezes, trovas entrelaçadas, mesmo sós
Com galanteio, rogar mão amada?
Ofertar-lhe mão forte!
Deitar mão a tudo e nada?
- Além, no celeiro, à procura de sorte.
Dar a mão não é mandar…
É não ter mãos a medir!
Bronze e pérola, dois a acreditar…
Para dedos entrelaçados florir!
A mão ampara, percorre, arrepia…
A mão aquece, aponta o caminho.
A mão benze na fé, alumia!
Com Ele, não estás sozinho!
A mão dócil vê, repousa no regaço!
Mão cheira a ternura, a folia…
Primeira mão, primeiro abraço...
Beijo molhado que o coração alumia.
Mão no baton, no fogo, na luxúria…
Não ter mãos a medir na partilha…
É tricotar, câmara lenta, com fios de fúria…
É bolero de unhas em dança, no pico da ilha.
Armindo Mendes, 18 mar 2022