Braços abertos para absorvermos o que nos rodeia
Sortelha: num fim de tarde soalheiro, ao som das cigarras
Adoro visitar as aldeias históricas portuguesas.
Felizmente, nas últimas décadas, muito se tem feito na recuperação e preservação das aldeias.
Ainda há um longo caminho a percorrer, mas os sinais são animadores, com tantas antigas urbes medievais que são um regalo para quem aprecia este tipo de património.
A altaneira aldeia de Sortelha, no concelho de Sabugal, foi uma das primeiras a merecer atenção nesta estratégia de salvaguarda do nosso edificado histórico.
Revisitá-la é sempre um prazer, tão belo e tão bem preservado está o seu casario, o seu castelo medieval, o seu pelourinho e a sua cerca amuralhada.
Calcorrear sem pressas aquelas ruas sinuosas e íngremes, num maciço rochoso, é um prazer, sobretudo num fim de tarde soalheiro, ao som das cigarras.
Observar cada pormenor, cada recanto escondido de cantaria, cada praceta, cada vaso à janela, com o gato que espreita entre as cortinas, é um regalo, no meio de tanta natureza e tantas fragâncias de Primavera que contornam a “velha” vila, hoje quase sem gente, no passado um importante burgo.
Sortelha é, por isso e por muito mais, uma joia do nosso passado como povo, tão intenso que o sentimos quando subimos ao alto de muralha e olhamos o horizonte raiano, inspirando e abrindo os braços para absorvermos tudo o que nos rodeia, num prazer imenso!