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Marca d'Água

Marca d'Água

13
Fev23

Agora, mãos nos bolsos, olhei de novo o mesmo mar, na Baía de Cascais

Aqui voltei, há uns dias, tantos anos depois…


Baía de Cascais paisagem.jpg

A Baía de Cascais, aqui voltei, há uns dias, tantos anos depois…

É um lugar muito especial para mim.

Além da sua beleza e de ser inspiração de um tema musical dos Delfins, que foi uma espécie de hino na minha atribulada adolescência, também ali vivi um dos momentos mais felizes da minha vida!

Foi há muitos anos, quando, com um grupo de amigos, me desloquei ao sul para vermos a Fórmula 1, no Autódromo do Estoril.

Armindo Estoril Fórmula 1.jpg

Armindo Estoril Fórmula 2.jpg

Eu estava tão feliz naquele fim de tarde de sábado, regressado do autódromo onde assistira em êxtase aos treinos cronometrados da F1.

Eu era pobre, naquele tempo! Com a minha família passava necessidades, que não esperávamos.

O meu pai, levado pela doença, havia falecido, menos de um ano antes… e tudo mudara, num ápice, para muito pior… um pesadelo, aquele que me transformou para sempre numa pessoa ansiosa.

Mas reuni dinheiro para poder concretizar um sonho de menino, ver a Fórmula 1 e os meus ases do volante.

Como consegui o dinheiro? Com o jeito que herdara do meu pai, que era fotógrafo, filmando casamentos, batizados e comunhões, além de outros “biscates”, como escrever uns textos para jornais, um 'parte-time', à noite, na rádio de Fafe e até servir à mesa de um café, adiando sonhos...

Não me envergonho disso, era um trabalho honesto, que fazia por necessidade, para ajudar a minha família, para que nada faltasse em casa!

Em cascais, há tantos anos, cabelos ao vento, quase sem tostão, sentei neste muro, como uma gaivota, como esta que agora me acompanha!

Armindo Baia de Cascais.jpg

E então, olhos de menino, voava, via a baía, as suas embarcações de pesca, sentia o cheiro salgado e sonhava com dias melhores…

E naquele areal, abrigado pelo muro, passei a noite dormindo, enrolado num cobertor, com algum frio, porque não havia dinheiro para hotel e outros luxos...

Na manhã seguinte, esfomeado, mas feliz por estar ali, tomei um humilde pequeno almoço na estação ferroviária do Estoril, de onde, moço da "província", assisti ao nascer do sol, na "civilização" da capital.

… A vida deu muitas voltas desde então. Já não sou pobre, graças ao meu trabalho e à teimosia do destino.

Mas ficaram aquelas memórias, a cores pálidas, de um tempo de privações, mas também de momentos felizes, como aquela inesquecível ida a Cascais, terra de gente abastada, que naquele dia foi “palco” de tantos sonhos, num olhar de criança grande, perdido no horizonte, sob um céu azul!

Agora, mãos nos bolsos, olhei de novo... o mesmo mar!

Revi, além, atrás do forte, aquele olhar que lá deixei, sorrindo e cantarolando…

 

“Na baía de Cascais

Avistei ao longe um barco a arder

Perguntaste porque o sonhava

Olhei ao céu, não pude responder”

Delfins

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