Abril é o mês da minha mãe, que já partiu
Armindo Mendes
Abril é o mês da "Revolução dos Cravos", mas também é o mês do aniversário de duas pessoas que amo muito: o meu filho e a minha mãe. Ele está lindo e acabou de entrar na adolescência, mas quem um dia me trouxe ao mundo já partiu, deixando no meu coração uma tremenda saudade, mas a imagem de um enorme sorriso, o seu, que era tão belo.
Mãe, querida, são tantas as vezes em que me apetece ouvir a tua música, os teus tangos, as tuas valsas, que ambos dançámos na minha sala. Eu sem jeito algum, tu com a subtileza de movimentos. 'La Comparsita' era o teu tango preferido, recordo bem.
Recordo o teu olhar no meu, a luz da tua expressão e os teus afagos de mãe, sempre sorridente. Eras a alegria da casa, sempre.
Como foi bom observar quando, com uma enorme ternura, deste colo ao teu neto, meu filho, ainda bebé.
Estivemos e sofremos juntos quando o pai partiu, levado pela doença. Mas lutaste tanto nesses tempos difíceis em que tu e eu, ainda tão jovem e assustado, fomos lutar juntos pelo direito a sermos felizes de novo.
Mas uma doença estúpida e injusta levou-te também. E eu fiquei com um vazio no meu peito, que jamais será apagado, mas feliz por ter tido a sorte de ser filho de um pai e uma mãe tão lutadores.
Foste uma mãe maravilhosa e sê-lo-ás sempre projetada no meu coração!
Obrigado por tudo, mãe querida.