Há monumentos que causam espanto, como este, em Belmonte, as ruínas de uma antiga torre, com cerca de 12 metros de altura e três pisos. No meio do nada, de campos de centeio, não longe da Serra da Estrela, ergue-se aquele edificado que, visto da estrada por quem passa de carro, logo atrai a atenção, obrigando a uma paragem, para perceber do que se trata.
A enigmática torre terá sido erguida nos tempos dos romanos na península, como acampamento provavelmente no século I.
Na área circundante como indicam aparentemente as ruínas, terá existido uma vila, naquele período histórico.
Centum Cellas, assim se designa este Monumento Nacional desde 1927, terá também sido usado na Idade Média como prisão.
É mais uma marca da nossa história, das nossas raízes, que perdura há muitos séculos!
Há recantos assim, de pigmentações mágicas, riscos que ondulam ao vento, com acentos lusitanos, que se deixam notar, com tanta subtileza, com sabores a cereal, que nos fazem, como plumas, elevar aos céus…
E planar, vales fora, com vistas para as cordilheiras da raia, rios curvilíneos, lugarejos com sinetas a rebate e muralhas rudes, num exercício de alquimia, como cavaleiros medievais, desfraldando as bandeiras da reconquista afonsina, além Tejo… em batalhas de credos em tempos idos, dos nossos maiores…
Sortelha: num fim de tarde soalheiro, ao som das cigarras
Adoro visitar as aldeias históricas portuguesas.
Felizmente, nas últimas décadas, muito se tem feito na recuperação e preservação das aldeias.
Ainda há um longo caminho a percorrer, mas os sinais são animadores, com tantas antigas urbes medievais que são um regalo para quem aprecia este tipo de património.
A altaneira aldeia de Sortelha, no concelho de Sabugal, foi uma das primeiras a merecer atenção nesta estratégia de salvaguarda do nosso edificado histórico.
Revisitá-la é sempre um prazer, tão belo e tão bem preservado está o seu casario, o seu castelo medieval, o seu pelourinho e a sua cerca amuralhada.
Calcorrear sem pressas aquelas ruas sinuosas e íngremes, num maciço rochoso, é um prazer, sobretudo num fim de tarde soalheiro, ao som das cigarras.
Observar cada pormenor, cada recanto escondido de cantaria, cada praceta, cada vaso à janela, com o gato que espreita entre as cortinas, é um regalo, no meio de tanta natureza e tantas fragâncias de Primavera que contornam a “velha” vila, hoje quase sem gente, no passado um importante burgo.
Sortelha é, por isso e por muito mais, uma joia do nosso passado como povo, tão intenso que o sentimos quando subimos ao alto de muralha e olhamos o horizonte raiano, inspirando e abrindo os braços para absorvermos tudo o que nos rodeia, num prazer imenso!
Quando percorremos o nosso país, por exemplo na raia beirã, a coberto da Gardunha florida, longe das bolhas da moda, encontramos sítios lindíssimos, com casarios medievais, de forais longínquos no tempo, que apelam às nossas origens.
E paisagens, de cortar a respiração, que nos fazem mais felizes, enquanto, privilegiados, contemplamos cada fragmento da nossa portugalidade, de tantas matizes, sem compromissos, porque vale mesmo a pena sermos como somos, assim, pessoas!
Enciclopédia ilustrada, pedra sobre pedra, sob inspiração divina
Pormenor da Sé de Évora
Num “de repete”, olhar algo, uma paisagem, um monumento, um rosto, um céu e querer cristalizar o momento, o sentimento, numa memória digital ou quiçá no papel fotográfico, para todo o sempre, sem cheiro é certo, mas com a alma que lhe quisermos dar quando, simplesmente, fotografamos a nossa memória.
As igrejas são espaços de introspeção, de oração, de devoção ao divino, de fé no transcendental, que vai para além de nós!
Mas, são muito mais do que isso!
As igrejas e mosteiros, como outros edificados herdados dos nossos maiores, são o repositório de séculos de cultura cristã, numa profusão de estilos arquitetónicos que vão esculpindo, do românico ao barroco, do gótico ao neoclássico, o espírito, as modas e as inovações arquitetónicas de cada época, numa autêntica enciclopédia ilustrada, pedra sobre pedra, sob inspiração divina, para uns… ou, simplesmente, o engenho humano, no seu esplendor, para outros… mas, para quase todos, simplesmente, ARTE, aquela que nos espanta a cada olhar ante a grandiosidade das obras dos que ousaram serem maiores do que os outros para a eternidade!
Hoje, eu e os como eu, seres sem dons tão grandes, exaltamos, deixamos a devida vénia aos humanos imemoriais, sob a forma de fotografias que queremos guardar, do que vimos, por onde passamos, quase telas do que ali sentimos de espanto, olhando, simplesmente cada pedaço de arte…
Foi também o fundador de um pequeno burgo fortificado, designado ‘Vimaranis’, derivado do seu nome, atualmente a cidade de Guimãrães, que foi o principal centro governativo do Condado Portucalense. Foi em Guimarães que faleceu, em 873.FOTO: Armindo Mendes (Direitos Reservados)
O filme Pearl Harbor, de 2001, realizado por Michael Bay, com música de Hans Zimmer, é um dos filmes da minha vida, por várias razões, sobretudo por ser uma película de época, que retrata um acontecimento histórico marcante da segunda guerra mundial (1941).
O enredo é lindíssimo, cruzando os factos históricos com uma história de amor a três (dois pilotos e uma enfermeira da Marinha) que contagia os espetadores, mas com um fim que corta o coração!
O filme tem uma fotografia extraordinária, contando com uma banda sonora lindíssima, do incrível Hans Zimmer, que me encanta desde o dia em que vi e ouvi numa sala de cinema.
Adquiri, pouco tempo depois, o DVD do filme, que ainda preservo na minha coleção.
Em determinados momentos, revisito o filme e é quase sempre como se fosse a primeira vez!
Tão bonito!
Aqui fica o tema maior: "Tennessee", na sua versão original.
E também nesta versão, mais recente, muito bem conseguida, do violoncelista Hauser.