'Missing You' é um dos temas escritos, a solo, por Les Holroyd, um dos dois compositores dos Barclay James Harvest (BJH), a banda britânica que surgiu no final da década de 60 do século passado e teve mais de 30 anos de carreira, com dezenas de discos gravados, terminando em meados dos anos 90, com o álbum "River of Dreams".
Les Holroyd, que era o baixista e um dos vocalistas, continuou, felizmente, a atuar ao vivo com um grupo de músicos e, sobretudo, a compor músicas belíssimas, como esta que ouço tantas vezes, com uma sonoridade e uma letra que nos colocam, sem esforço, na atmosfera das emoções dos Barclay James Harvest, a banda da minha vida, que ouço, sem cansar, desde os tempos da minha adolescência.
A música é uma das seis artes clássicas e o que de mais belo convoca um dos cinco sentidos humanos: a audição - um carreiro para a nossa alma.
A clave de sol abre alas para a pauta das notas em partituras de sopro, voz, cordas, percussão e eletrónica que a batuta do maestro cadencia.
Há séculos idos, a criatividade humana criou a magia da música.
Como o pintor renascentista na tela, o ator de túnica no coliseu de Roma declamando Omero, ou o escultor de Creta no mármore dando forma a Ulisses, o compositor imagina e pinta ressonâncias, dá linhas de melodias a uma amálgama de notas musicais, dó, ré, mi, tão sabiamente encadeadas que resulta em fá, sol, lá, quais obras-primas, como as valsas, as sinfonias, os fados ou as óperas dos autores clássicos, e até no pop-rock dos nossos tempos, de Beethoven a Pink Floyd, numa linguagem universal que escusa legendas e une os povos à volta de uma canção de amor, de uma trova que exalta valores, um hino trauteado em todas as latitudes geográficas e de peitos de aquém e além mar, não importa a cor da pele ou o credo.
Dos dedos agitados do guitarrista, da subtileza que esventra a harpa, da voz do tenor que se ergue para lá do comum-mortal, do requinte do xilofone ou do sopro de prata do trompetista transpiram ecos, como os gemidos do violino e os graves da bateria que calam o silêncio da superficialidade, como a pena do escritor que rabisca à luz da vela com palavras de narrativas uma folha branca, para a transformar num soneto de belas rimas ou numa ode ao deleite dos sentidos, da contemplação, da imaginação de contextos, de amores arrebatadores, que até as telas de cinema obsequiam em grandes produções que só a sétima das artes ousa fazer, num clímax de emoções, até onde a chama houver.
É a dança das artes que no palco dos vivos e dos nossos maiores já partidos, com alma, rasga a banalidade, que faz de nós seres com pracetas de estilos vários, que, nas calçadas da nossa quietude, à lareira ou na margem do riacho, clamam por ritmos, cores, declamações a partir do Restelo, ou poemas, sermões aos peixes e outras linguagens para os sentidos, esses, os nossos pelo coração ligados, que dão sentido à vida, que nos tocam o âmago, como uma música, a da nossa vida, que nos tatua a alma, como um campo de malmequeres que ondulam ao vento, por entre a neblina fresca da alvorada ou páginas de um livro aberto ou uma tela de Van Gogh, em tons ora pastel ora arco-íris.
A música é contemplação e o janelo para olharmos com os ouvidos, de peito feito, para o milagre de sentirmos, de existirmos.
Esta música de Waters, ouvida com o volume bem alto que brota das ‘Monitor Audio’, espicaça momentos assim, de uma certa melancolia, ápices em que nos deixamos levar por recordações de uma noite estrelada de verão que, de tão intensas, acicatam os batimentos cardíacos. Os graves profundos da música interpelam o peito, os agudos sublimes agitam o olhar no vazio físico, num rebuliço imaterial, numa certa anarquia saborosa, sentado no sofá de casa, à meia-luz, mas correndo desenfreadamente, sem êxito, à procura do tempo que esvaiu!
E o cansaço, no fim da música, esboça um delicioso sorriso à porta do êxtase das emoções.
No ‘play’ do comando, tudo recomeça, para ouvir muitas vezes, correr quase sem parar, à espera que o sono nos faça parar de correr!
Que emoção rever e “reouvir” estes dois grandes senhores juntos.
Este vídeo é de maio de 2011, gravado em Londres. Uma verdadeira pérola.
Desde criança que gosto muito da música dos Pink Floyd.
Ainda hoje guardo vários discos em vinil, apesar de tão gastos pelas audições sucessivas!
Aprendi a ouvi-los precocemente com pouco mais de sete ou oito anos de idade.
Quando o grupo acabou, no início da década de 80 - era eu ainda muito pequeno - foi uma enorme desilusão! Poucos anos depois retomou, com grande qualidade, é certo, mas já sem Roger Waters.
Continuei a gostar da banda, então liderada por David Gilmour, mas faltava sempre qualquer coisa: o toque melódico de Roger Waters.
Ao longo dos anos continuei a ouvir os discos que entretanto saíram e os antigos que entretanto se tornaram clássicos da música, como o “The Wall”, “The Dark Side of the Moon” e “Wish You Were Here”, entre outros produzidos pelos quatro elementos do grupo, antes da saída do Waters.
Ao longo dos anos abundaram, incluindo entre os apreciadores, as discussões sobre quem teve responsabilidade no fim da banda. Pior do que isso, as discussões, nem sempre civilizadas, sobre os méritos e deméritos de Gilmour e Waters.
Sempre achei uma estupidez estas “cenas”, porque ambos são músicos de elite, com qualidades fantásticas. Os dois tiveram e têm carreiras a solo de grande sucesso (tenho discos de um e de outro), provando que são, de facto, muito bons, cada um com o seu estilo, com as suas vozes, com a sua sensibilidade e, acima de tudo, com a sua mestria!
Mas é quando atuam ao vivo e executam velhos temas dos Pink Floyd que se percebe que o espetáculo, um sem o outro, nunca atinge a excelência que os apreciadores reclamam.
Por isso, ouvi-los de novo juntos, ainda que só por instantes, depois de tantos anos de desentendimentos, executando e cantando, em Londres, “Confortably Numb”,é tão gostoso e tão especial, sobretudo por ser um momento que muitos, como eu, há muito desejavam.
Neste vídeo, quando Gilmour surge no alto do muro, cantando e tocando guitarra e exortado por Waters, é verdadeiramente único. As suas vozes completam-se tão bem!
São as vozes dos Pink Floyd, aquelas que conquistaram o mundo!
Dá vontade de ver e voltar e ver este vídeo.
Que pena estes dois senhores, verdadeiros clássicos e ícones da música mundial, não aparecerem mais vezes juntos!
Há uns anos que me delicio com a voz e a música de Enya, que tanta felicidade proporcionam a milhões de admiradores em todo o mundo. Nem todos os momentos são propícios para esta sonoridade, mas há uns, tão especiais, que, caídos do nada ou vindos do fundo da alma, quase nos empurram para a prova de ambiências acústicas tão subtis, tão redondas, que envolvem e convidam os sentidos à contemplação do que somos, do que fazemos e para onde vamos. É tão fácil ouvirmos e deixarmos, felizes, despontar uma lágrima grata ao momento.
Com o hi-fi exibindo, brilhantemente, as tonalidades acústicas que Enya nos oferece, com graves profundos e agudos discretos, fechámo-nos ao mundo físico, para iniciarmos uma marcha por largas planícies, com castelos celtas e cavalos brancos que galopam, planuras cobertas por prados de verdes viçosos, ladeados por montanhas que completam um quadro bucólico virtual, mas tão intenso.
A música de Enya, ao longo dos anos, para os que a apreciam, tem significado um embalamento em tecidos de cetim, em nuvens de algodão tão fofinho. São elementos que, ora nos arrepiam ao tocá-los com o ouvido, ora nos impelem para uma subtil nostalgia que contempla as coisas bonitas, com tons vivos, que nos têm acontecido. Curioso como tonalidades musicais tão melancólicas proporcionam momentos tão intensos, num recital em que a orquestra dos sentidos, dirigidos pela mestria da alma, se entrelaçam em imagens, cores, arrepios e cadências incertas na respiração, incapaz por vezes de ficar indiferente ao embalamento.
É assim, ouvirmos Enya, um prazer para a alma.
Este vídeo, repartido em duas partes, traduz bem, creio, o que significa a obra musical de Enya.
E ontem, sábado, com um magnífico espetáculo de Rodrigo Leão, foi dia de emoções especiais, de novo em Guimarães.
O músico regressou à cidade-berço para proporcionar um serão muito agradável às centenas de pessoas que enchiam o grande auditório do Centro Cultural de Vila Flor.
Ao longo de cerca de hora e meia, pontuaram músicas, umas mais antigas, outras mais recentes, da longa carreira de Rodrigo Leão, com um som magnífico proporcionado pela excelente acústica da sala. O “jogo” de luzes, discreto como sempre, também deu aquele toque de bom gosto que tanto aprecio nas atuações de Rodrigo Leão.
O concerto, desta vez, assentou mais no último disco, recentemente editado, chamado “Songs”, no qual, em jeito de coletânea, são apresentados temas cantados em inglês desde o disco “Cinema”, de 2004, passando pelo “Mãe” e terminando na “Montanha Mágica”, o mais recente de originais.
Além dos músicos habituais, Rodrigo trouxe dois convidados que deram voz a várias canções, num estilo “pop” e por vezes jazz, o que me agrada de sobremaneira, entrelaçado nos instrumentos clássicos que acompanham o músico desde o início da carreira.
Mas também não faltaram canções mais antigas, revisitadas com a sonoridade a que estamos habituados, notando-se quase sempre a preocupação de respeitar o registo original.
Foi um espetáculo muito bem conseguido, o que, aliás, foi reconhecido pelos espetadores, os quais, durante longos minutos, ofereceram ao conjunto de músicos em palco merecidos aplausos.
Às vezes sabe bem recordar tempos idos, tempos da nossa adolescência, tempos em que tudo nos parecia mais fácil quando pisávamos, ano após ano, o areal que nos acolhia pronto para palco de emoções ao fim da tarde.
Este tema musical, desse período, fez a muitos, da minha geração, estremecer corações, no tempo do liceu, no tempo dos calores de praia a cada setembro, da maresia atlântica que bafejava os poros bronzeados.
Era o tempo das cassetes nos grandes gravadores, das discotecas ao domingo à tarde, da bola de cristal, do Tarzan Boy nas pistas de dança, dos amores que pensávamos arrebatadores, algo inocentes ainda… mas efémeros sem nós sabermos.
Aqueles olhares, aqueles assomos no movimento sensual da mão que, escondendo o sorriso tímido, passa pelo cabelo convidando-nos a sonhar, aqueles turbilhões de sensações que remexiam corações ansiosos, prontos para a descoberta.
Ficam as saudades… e o prazer de recordar que foi bom sentir aquilo num setembro que se transformou num outubro, hoje, menos cor-de-rosa, que aponta para um novembro de tons imprevisíveis...
Em 1993 fui trabalhar para a Rádio Clube de Penafiel, tendo sido a primeira experiência profissional digna desse nome.
Ali calcorreei os caminhos difíceis de quem estava, ainda muito jovem, a começar a exercer uma profissão tão exigente, mas também aliciante quanto a de jornalista.
Desse período recordo muitas coisas, quase todas positivas, numa cidade bonita que conhecia mal, mas onde fui muito bem recebido e onde fiz amizades que ainda hoje perduram.
Por essa altura, mais precisamente em 1994, Mike Oldfield editou este trabalho The Songs of Distant Earth. Foi um CD fantástico que ouvia vezes sem conta nos estúdios da rádio ou através do leitor de cassetes da minha velha Opel Corsa.
Recordo, em especial, uma noite de Verão, no Sameiro, onde, após um saboroso café numa pastelaria das redondezas, estacionei o carro e nele fiquei ouvindo aquele som.
Ainda hoje, de vez em quando, retiro o velho disco da prateleira e coloco-o a tocar, hoje num equipamento doméstico de som muito mais capaz de reproduzir com toda a profundidade a qualidade do registo sonoro.
No entanto, apesar do som mais "abafado" oriundo da cassete, ficou daquele tempo o prazer de desfrutar de um som refrescante à data que me ajudou a viver por uns anos a paixão da rádio.
Só falta dizer uma coisa a título de curiosidade: a velha Opel Corsa acabei por vendê-la em 1998. Mas, curioso, ainda circula por terras de Felgueiras, mas já deve ter um leitor de CD`s ou até, quem sabe, uma entrada USB!!!
Hoje revi e revivi o concerto de Andrea Bocelli, cuja gravação em Blue-ray disc me ofereceram no passado Natal.
É um dos concertos mais bonitos e completos a que “assisti”, chamado “Live in Toscany”, gravado, por isso, na terra natal de Andrea Bocelli, algures no meio de campos de cereais dourados, o que confere um cenário lindo.
O espetáculo é maravilhoso, com a voz imensa e quente de Bocelli, interpretando alguns dos seus temas mais bonitos.
O grande cantor Italiano, som uma sobriedade notável, fez alguns duetos fantásticos com vozes femininas como Heather Headlet, Elisa, Laura Pausini e, claro, Sarah Brightman, com a qual cantou “épico” o tema final Time do Say Goodbye. Com Laura Pausini aconteceum um dos momentos mais belos do concerto quando Bocceli, numa humildade notável, se ajoelha perante a artista ialiana quando esta arrebata
Pelo palco passaram também o saxofonista Kenny G, o pianista Lang Lang e o trompetista Chris Botti.
A imagem do concerto, em alta definição, é assombrosamente límpida, e o som, em PCM 5.1, enche a sala como uma força indescritível. Os baixos são profundos e as altas frequências são uma delícia, tal é a sua pureza. Quanto ao registo sonoro das vozes é irrepreensível, posso garantir.
Para os apreciadores, recomendo vivamente este Blue-ray disc, se possível desfrutado num bom televisor de alta definição, embalado por um sistema de som 5.1 à altura.
Sempre que reaprecio este concerto, tão forte ele é para os sentidos, confesso, vivo momentos muito agradáveis, daqueles que até uma lágrima atrevida afaga um certo arrepio.
Este pequeno vídeo é fantástico. Reproduz a parte final de um espectáculo do Cirque du Soleil, cuja banda sonora, com o mesmo nome, foi escrita pelo compositor japonês Kitaro.
A música é fantástica, encerrando uma espiritualidade profunda, aliás presente em todo o espectáculo desta famosa companhia de circo canadiana.
Para os apreciadores deste género musical, recomendo a aquisição deste disco de Kitaro, que já tem uns anos, mas mantém-se muito actual. Garanto-vos que é encantador para ouvir, por exemplo, após um dia intenso de trabalho. É altamente relaxante.
O meu CD, já velhinho, comprei-o em Léon, Espanha, em 1999, creio, quando lá fui assistir, com um casal amigo de Fafe, a um espectáculo maravilhoso de Kitaro. Um concerto que jamais esquecerei.