A agressão ao jornalista da Lusa e a sobranceria de alguns agentes policiais
A agressão de que foi ontem vítima, em Lisboa, um fotojornalista da LUSA deixa-nos a todos preocupados e inquietos.
É absolutamente lamentável, condenável e sem desculpa, que agentes de autoridade tenham estes comportamentos para com quem está, apenas, a fazer o seu trabalho, devidamente identificado e cumprindo o que determina a lei.
Esta foi uma situação extrema, mas recordo que, não raras vezes, nós, jornalistas, em trabalho de reportagem, no terreno, somos confrontados com situações de intolerância, que roçam até a sobranceria, de alguns agentes policiais, que, do alto da sua “farda”, são pouco sensíveis à natureza do nosso trabalho. Sobretudo à necessidade que temos de nos aproximarmos do acontecimento para levarmos ao mundo, com rigor e profissionalismo, o que se vai passando em cada momento.
Uns, os jornalistas, e outros, os polícias, pela natureza das respetivas funções, são absolutamente necessários ao bom e regular funcionamento do Estado de direito.
Impõe-se, por isso, sem tibiezas, o respeito recíproco.
O primado da liberdade de expressão e da liberdade de informar jamais poderá ser posto em causa por quem quer que seja, sob pena de, quem o induzir ou fizer, estar a contribuir para a distorção grosseira do equilíbrio dos diferentes poderes que é a essência da nossa democracia.
Aquelas imagens de ontem recordam-nos tempos negros e idos do nosso Portugal, contra os quais tantos se bateram.
Isso é inadmissível.