“Geração à rasca" em Braga
Em Braga, ontem, a manifestação da dita “Geração à Rasca” surpreendeu pela sua dimensão, pela sua abrangência de gerações e pelo tom contundente dos protestos.
Estive lá em trabalho e rapidamente percebi que o protesto não era apenas dos jovens precários, mas muito mais transversal na sociedade, abrangendo gente de todas as idades. Entre os jovens vi muitos reformados, comerciantes e muitos pais desesperados por verem os seus filhos licenciados confrontados com um futuro tão incerto.
Fiquei com a convicção profunda que os protestos da maioria das pessoas que lá estavam eram genuínos e que, por isso, não tinham motivações partidárias.
O país em geral e o norte de uma forma profunda estão numa crise social que as sucessivas medidas de austeridade vieram acentuar de forma drástica.
O país político tão permissivo a assimetrias de vária ordem, com privilégios que custam entender, e alguns mediáticos “fazedores de opinião” que falam de forma tão ligeira nas nossas televisões devem refletir aprofundadamente sobre o que se está a passar, interiorizando que a maioria dos precários e os desempregados apenas pedem um emprego e uma remuneração digna para poderem viver. São seres humanos dignos, iguais a cada um de nós, com filhos, compromissos e sonhos.
É certo, meus senhores, que em Braga ou no Porto, distritos industriais que estão a sofrer com esta crise sem precedentes, há muitos portugueses, os tais que vivem com ordenados que não chegam aos 500 euros, que vivem situações dramáticas.