> Os políticos do nosso Portugal
Olhava há dias para um documento em que constam as declarações de rendimentos de vários políticos do Vale do Sousa.
Sem surpresa, constata-se que os detentores de cargos políticos, em especial os autarcas, têm rendimentos interessantes, mas não tão “gordos” quanto alguns imaginarão.
Mas, mais uma vez se percebeu também uma situação, no meu ponto de vista, eticamente questionável, apesar de legal: as reformas chorudas que vários actuais e ex-autarcas recebem por terem estado uns quantos anos no exercício de funções políticas nos municípios ou no Parlamento.
Não vou aqui aprofundar esta matéria
Essas pessoas, grande parte delas ainda longe de atingirem a idade de reforma convencionada para “os comuns dos mortais”, limitam-se a tirar partido de uma determinada legislação, entretanto já alterada, que permitia aos titulares de cargos executivos nas autarquias e aos deputados gozarem de um regime especial para contagem do tempo para a aposentação, entre outras ajudas previstas na lei.
É também por causa de situações como esta e outras que as notícias dos últimos dias vão denunciando, que os cidadãos comuns – aqueles que pagam uma tonelada de impostos apesar de ganharem ordenados comuns - olham quase sempre de soslaio para os políticos, porque os consideram, justamente, uns privilegiados da sociedade.
E são mesmo, ou não fossem eles tantas vezes, no caso dos governantes ou deputados, juízes em causa própria, ao legislarem em várias matérias que, em última instância, acabam por beneficiá-los, nomeadamente o regime das incompatibilidades.
Ou não fossem também outros deles uns privilegiados somente porque exercem cargos muito bem remunerados nas instâncias do poder ou em organizações na esfera deste, à sombra de um carreirismo partidário bem conseguido.
