Retratos de Portugal
Torre de Moncorvo
Basílica Menor de Torre de Moncorvo, uma igreja quinhentista concluída no início do século XVII, situada no centro daquela vila transmontana.
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Basílica Menor de Torre de Moncorvo, uma igreja quinhentista concluída no início do século XVII, situada no centro daquela vila transmontana.
Andando por aquelas "andanças", nos socalcos rochosos do Côa, à procura das gravuras deixadas pelos nossos ancestrais... há muito, muito tempo...
E somos pequenos ao observar gravuras paleolíticas executadas há cerca de 30.000 anos...
E na visita ao Museu do Côa percebemos melhor como tudo terá acontecido...
É enriquecedor conhecer as urbes a pé…
Só assim as conhecemos bem, acredito nisso!
Por entre ruelas, becos e pracetas, de dia ou à noite, costumo fazê-lo à procura de pedaços, de recantos, de pormenores que nos detêm a atenção, que nos fazem pensar no seu significado, o que nos querem dizer, que nos questionam, como esta paisagem urbana, como naquele momento em que registei este "quadro em contra-luz" com a minha câmara, na cidade de Valladolid, em Espanha…
Somos interpelados por aquela luz, de relance…
Os campos de Lavanda de Tiedra, Espanha, são dignos de uma paragem, sem velocidades, para ali deixarmos descansar as vistas, acariciarmos as belas florzinhas e, acima de tudo, deixarmos o olfato gozar intensamente com aquela fragância intensa e fresca, que dá vida aos perfumes!
Percorrer aquelas vastas extensões planas, no meio do nada, é uma maravilha, olhando à volta e ver tudo florido, com tons suaves, até perder de vista, que nos transmitem uma tranquilidade especial.
Ao sol da tarde que ainda vai alto, baixar-nos ao nível das flores e aproximarmo-nos delas é uma experiência sensorial muito reconfortante… de paz interior…
Tocá-las, senti-las nos dedos, cheirá-las uma e outra vez, sem vontade de parar, é um ritual renovado que não queremos deixar para trás.
Sorrindo, de lá trazemos no nosso peito as memórias, sob a forma de cheiros e imagens de rara beleza, além daquela brisa morna que nos afagava o rosto quando apontávamos a máquina fotográfica para mais um registo, sob o olhar atento das abelhas que se lambuzavam no pólen das lavandas… para um mel tão saboroso e cheiroso que já provei!
Visitar Segóvia, cidade espanhola Património da Humanidade, significa chegar aqui e ficar espantado com a imponência de uma estrutura arquitetónica com cerca de dois mil anos, o aqueduto romano, que terá sido construído no século I Depois de Cristo para fazer chegar água potável à urbe.
No seu ponto mais alto, a partir de uma das principais praças da cidade, eleva-se a mais de 28 metros, com duas filas de arcos sobrepostos.
É incrível observar, num feito de engenharia espantoso, como foi possível, há dois mil anos, erguer uma estrutura com aquela imponência, formada por mais de vinte mil blocos de granito, e que até ao século de XIX ainda funcionava como aqueduto que abastecia Segóvia.
Mais do que as palavras, ficam as imagens, apesar destas não conseguirem mostrar, em todo o seu esplendor, a imponência do conjunto monumental situado numa cidade cujo centro histórico recheado de monumentos de várias épocas vale a pena visitar!
Há momentos de sons que são mágicos, como os ventos da meseta espanhola, logo depois dos prados de lavanda de Tiedra… como cores de bandeira...
Naquelas lonjuras, as brisas casam-se com pedaços de vida de espigas douradas que, apontadas ao azul do céu, ondulam serenas, sob um sol terno de julho que nos bronzeia a pele arrepiada, de tanto gozo...
Caminhar nesses momentos, sobre terra com pedaços de rochas, é deixar-nos levar por sensações que os sentidos captam para delas gozarmos intensamente, no nosso espírito, num exercício delicioso, quase de sonho, de sermos uns privilegiados, por estarmos ali, ouvindo o sussurro do centeio, inspirando os ares das redondezas, a caminho do campo de girassóis… sim, tão belos que são...
Aquelas flores gigantes, capazes de nos porem a cabeça à roda, atrás do astro-rei, com tanta beleza, num jardim imenso para onde olhamos, em todas as direções, num gozo que se repete em cada relance de luz, a cada sombra subtil, a cada zumbido das abelhas que saltam atarefadas de flor em flor, num banquete para elas e um postal em alta-definição para nós…
Um pedaço de terra, no mar Tirreno, com tantas montanhas, baías, bosques de pinheiros, caprichosos rochosos, trilhos de sobe e desce e casario branco apertado na vila, com ruas onde turistas se acotovelam.
Ao perto, o mar turquesa, até perder de vista, tudo e muito mais, na ilha, para conhecer… em caminhadas soadas, porque fazia calor na jornada, de lés a lés, porque valeram a pena, até ao pôr do sol chamar o barco, retornando a Nápoles.
As ilhas são assim, sobre mim fazem feitiço, há tanto tempo, porque me querem lá, quiçá.
No areal, o barco tosco ouve a sereia que no rochedo canta...
Para a faina acordar antes do banhista à praia chegar!
Antes do sol se levantar e da maré despertar… à bênção da santa…
E, assim, as redes trarão carapau, ao colo dos lobos do mar!
Às vezes, fruto do acaso, vamos parar a sítios que desconhecíamos, pedaços de Portugal que descobrimos, que admiramos com surpresa!
Foi assim, recentemente, numa passagem pela zona de Torres Vedras, não longe do Vimeiro, onde se avista um lugarejo chamado Porto Novo, cheio de gente simpática, com uma pequena praia de mar salgado e um tímido porto de pesca, rodeado de zonas verdes que apeteceu conhecer, cheirar e percorrer no sobe e desce de um passadiço entre um pequeno rio e pinheiros, quase até às termas...
... com vista para o areal que se estende para Sul e para as vales férteis das redondezas, para o interior…
É assim o Oeste das Linhas de Torres, terras de tantas batalhas de outrora, hoje solo de fruta saborosa e pessoas que apetece conhecer, numa praia quase só para nós, comendo um pastel de feijão, naquele amanhecer fresco e ventoso!