Há músicas intemporais, que nos acompanham ao longo dos anos, umas vezes porque as associamos a momentos especiais das nossas vidas que queremos de alguma maneira perpetuar na nossa memória, outras, simplesmente, por serem tão bonitas, que nos proporcionam um prazer imenso ouvi-las, como esta de Joan Baez – “Diamonds and Rust”, que me remete para os tempos de menino, nos 70`s, quando ouvia no rádio do carro com os meus pais.
Que belas músicas e letras compuseram e interpretaram os Barclay James Harvest (BJH) ao longo da sua longa carreira, uma banda que sempre usou o singelo inseto borboleta como seu símbolo, traduzindo a sensibilidade que os seus membros sempre manifestaram com temas que encheram a alma de tantos apreciadores.
Nas capas dos seus discos o nos cenários dos seus concertos não podia faltar a borboleta!
Ouvi-los, nas suas diferentes fases e abordagens estilísticas, proporciona-me um prazer imenso e sempre renovado há tanto tempo, que já nem me lembro!!!
Letras profundas e melodias deliciosas, sobretudo nas suas baladas, são o denominador comum de 30 anos de canções que guardo em dezenas de CDs, DVDs e vinis, uma coleção iniciada na minha adolescência e tão especial quanto a admiração que tenho pela obra da banda.
FOTO: Armindo Mendes
“Child Of The Universe” é uma das composições mais conhecidas dos BJH e uma das mais apreciadas nas suas atuações ao vivo, como esta em Berlim no início da década de 80, "A Concert For The People", um dos período áureos da banda.
As palavras, como as flores e os sonhos, têm a idade, o tamanho, o tom, o cheiro, a textura, o caminho, o tempo, o idioma e as formas que queiramos!
São peças de Legos universais que, sentados no quarto, de meninos de calções e sandálias em tarde de veraneio vamos montando, de olhos grandes de felicidade, para criarmos carreiros imaginários e castelos encantados, com torres altaneiras e túneis secretos que percorremos em segredo, como nos Pequenos Vagabundos.
E quando a alma não é pequena, os castelos trajam-se com vestes de gala, bordados com linhas de ouro, botões de rosas, punhos de rendas e botins de cristal.
Alaúdes, tambores e flautas tocam em apoteose, abrindo alas… E lá vai o cortejo real, no casario da Rua de Santa Maria, com estandartes, cavaleiros templários de armaduras reluzentes, pajens, trovadores, alquimistas e almocreves para, com cantigas de amigo, dar cor sépia ao mundo de maravilhas que sonhamos fazer parte, num cavalo branco, o Pégaso do Olimpo, com asas de plumas, galopando entre as nuvens, até ao arco-íris do tesouro, onde já lá está o Noddy, de Enid Blyton.
Pelo caminho vemos Vicky, o Viking, navegando com o marinheiro Popeye, nas mil e uma aventuras de Tintim, à procura das cabanas de Tom Sawyer, das traquinices de Scooby-Doo ou atos heroicos de Flash Gordon e Robin Hood, da floresta encantada da Branca de Neve o os Sete Anões, ou dos Estrunfes que a minha memória guarda a sete chaves.
É tudo tão bonito e doce como as manhãs de sábado com o Verão Azul ou intenso como as tardes de Galáctica e Sandokan, e as noites de medo das metamorfoses de Maya, de Espaço 1999.
E o cavalo branco e o seu cavaleiro, qual Zorro, Braveheart ou Lin Chung, galopam entre os nenúfares sobre o atlântico, passando pelo Barco do Amor e Moby Dick, para Oeste, até chegar às Sete Cidades, da Ilha Esmeralda, e ali, escondidos sob dos vulcões, ver os namorados que há tanto tempo choram lágrimas verdes e azuis entre a bruma, formando as duas lagoas infelizes, numa lenda 'NeverEnding Story, existir'!