Armindo Mendes
Está frio lá fora , fecho a janela!
Acendo o lume para me aquecer!
Aconchego-me no sofá, com manta de flanela…
Ligo o Hi-Fi para meu consolo poder ter.
De pijama e pantufas, olho em frente.
Levanto o volume da balada que escolhi!
Fecho os olhos, arrepiado, o som é quente.
Vibro dentro de mim, viajo por aí!
Na vidraça beija a chuva em pedaços…
Que goteja lenta , vê-me aqui.
Ela e o vento são riscos, são laços…
Do que sinto, mas não pedi.
Está quentinho, é bom!
Neste casulo de fugida , protegido!
Deixo a melodia fluir, saboreio o som…
Desligo, deixo-me adormecer, sentido!
Armindo Mendes
publicado às 12:29
Armindo Mendes
Não sei o que sou!
Espelho meu, velho ribeiro, estás fosco .
Vejo-te, olho-me, aqui de novo estou!
Quero desenhar-me, mas sabes, sou tosco!
Falta de jeito, há tanto, o meu!
Fito que o tempo me foge do punho.
Grisalho, rugas tantas, sou eu!
Sem brilho, traço este rascunho .
Neste pergaminho vincado…
Outrora sarrabiscos de sonhos .
Hoje cicatrizes do passado…
Até de pensamentos medonhos!
Isso, diz o que sou, que sei que sou.
Que sou o que não queria ser, eu sei!
Sou um não sei o quê, sem estar, aqui estou.
Sem estar, quando fico, não ser o que ousei !
Espelho sem certezas, de acabado gosto...
Vês como estou, sim, no que me tornei!
Baixo a cabeça, pontas dos dedos no rosto…
Saboreio o sal que nesta trama, de novo, e screvinhei!
publicado às 00:49
Armindo Mendes
Ponte de Arame, sobre o rio Tâmega, ligando os concelhos de Amarante (Rebordelo) a Mondim de Basto. Por outras palavras, ligando os distritos do Porto (margem direita) e Vila Real, ou as antigas províncias do Douro Litoral e Trás-os-Montes.
Trata-se de uma travessia pedonal, recentemente recuperada, muito apreciada nas belas caminhadas que se fazem por uma zona encantadora, na Serra de Meia Via.
publicado às 12:12
Deusa da noite és
Armindo Mendes
Lua minha, voltaste !
Bela és, neste céu escuro.
És ponto de luz, que procuro!
Auréola celeste em mim realizaste.
Lua, deusa da noite és!
Presença maior no Cosmos de tantos.
Dos contentamentos ou de prantos
Estrelas confessam aos teus pés.
Uma noite mais com o teu perfume!
Servo sou ao teu encantamento.
Detenho-me, olhando-te no firmamento !
Até ao amanhecer, tanto queixume.
Diva de quimeras, de trovadores!
Alumias caminhos do labirinto.
Porém teu brilho hoje sinto!
Audaz para os sonhadores.
Pela madrugada, esperar.
Sei que partirás, mas voltarás!
Nos sonhos de pérolas estarás.
Olhos abrem, acordar, acreditar !
Armindo Mendes
publicado às 00:01
Armindo Mendes
Há dias, quando conduzia ouvi este tema no carro, numa rádio local. Foi fantástico recordar de novo! Subi o volume e ouvi cada segundo com prazer imenso, algures entre Penafiel e Amarante. É um tema fantástico dos Alcoolémia, de 1999, com arranjos lidíssimos e uma letra muito especial, para ouvir muitas vezes seguidas, como eu faço!
Permite recuar no tempo, lembrando quando tudo era analógico, do mundo em que cresci!
VIDEO
Aqui para ouvir no Spotify, com excelente qualidade de som:
Alcoolémia "Até onde posso ir"
publicado às 23:46
Armindo Mendes
Quase noite neste bosque agridoce …
Troncos de árvores são formas escuras.
A lua já se ergueu, no seu despertar precoce…
O sol levou do dia curto, as agruras.
Carvalhos assustadores, nada sublimes…
Formas fantasmagóricas nas folhagens.
Aves noturnas com sonidos, como nos filmes…
De dia tão belo, agora sem fulgência, as imagen s!
Meus passos repisam outono, nas folhas
Aperto o casaco, faz aqui frio!
Olhos escuros, nesta escuridão de escolhas …
Quando das copas cai forma de arrepio.
Avança-se no trilho sombrio!
Ouve-se a levada, conheço-a, ela vai.
O moinho também, além, que a noite já cobriu …
Olhar à volta, medo, a coragem que se esvai.
O manto de penumbra cobriu o meu cabelo.
Mãos nos bolsos, busco o foco salvador…
Vais ajudar-me no caminh o, quero vê-lo…
A luz corta a noite, mas não certo ardor.
No estradão, ao pé da aldeia, volta a luz fria.
De costas ao bosque, é sem glória esta claridade !
Olho o resto de sol que se perde na serra que cobria…
Regresso ao mundo seguro, quase verdade!
publicado às 19:36
Armindo Mendes
O filme Pearl Harbor, de 2001, realizado por Michael Bay, com música de Hans Zimmer, é um dos filmes da minha vida, por várias razões, sobretudo por ser uma película de época, que retrata um acontecimento histórico marcante da segunda guerra mundial (1941).
O enredo é lindíssimo, cruzando os factos históricos com uma história de amor a três (dois pilotos e uma enfermeira da Marinha) que contagia os espetadores, mas com um fim que corta o coração!
O filme tem uma fotografia extraordinária, contando com uma banda sonora lindíssima, do incrível Hans Zimmer, que me encanta desde o dia em que vi e ouvi numa sala de cinema.
Adquiri, pouco tempo depois, o DVD do filme, que ainda preservo na minha coleção.
Em determinados momentos, revisito o filme e é quase sempre como se fosse a primeira vez!
Tão bonito!
Aqui fica o tema maior: "Tennessee", na sua versão original.
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E também nesta versão, mais recente, muito bem conseguida, do violoncelista Hauser.
VIDEO
publicado às 00:04
Armindo Mendes
publicado às 19:16
Armindo Mendes
Neste baloiço vejo o Tâmega belo, com vida!
Neste baloiço olho as curvas do meu rio.
Neste baloiço de altos e baixos, pendores de vida.
Neste baloiço inalo paz, sem angústias a fio !
Neste baloiço o brilho é quente.
Neste baloiço sinto aroma silvestre.
Neste baloiço contemplo a aldeia de gente .
Neste baloiço admiro o silêncio agreste.
Neste baloiço não quero pensar!
Neste baloiço com brisas frescas tamanhas.
Neste baloiço ouso salitrar, voar!
Neste baloiço abraço tantas montanhas !
Armindo Mendes
publicado às 19:04
Armindo Mendes
Chorar ao ver folha que desce.
Chorar quando apetece.
Chorar repisando passados.
Chorar memórias aos bocados .
Chorar na alma a chover…
Chorar no coração a verter!
Chorar no olhar dentro, fora …
Chorar no existir, agora!
Chorar no andar nas memórias…
Chorar no sentir pedaços, histórias…
Chorar é sal sobre ferida .
Chorar é arrepio de dor sofrida!
Chorar é ver perto o ausente.
Chorar é provar dor diferente!
Chorar é ver despedida que sacode .
Chorar é abraçar quem não se pode!
Chorar é clamar sem voz .
Chorar é escrevinhar por nós.
Chorar é verso de rima incerta.
Chorar é tingir dor que aperta!
Chorar é agarrar sem apertar…
Chorar é abraçar sem estar!
Chorar é carga no peito
Chorar é gritar sem efeito !
Chorar pranto à luz da lareira!
Chorar em dia de bruma na eira!
Chorar é ápices que tive!
Chorar é suportar o que se vive !
Armindo Mendes
publicado às 18:29
Armindo Mendes
Ò S. Martinho de Tours venerado em Arrifana de Sousa…
Há tantos séculos desta urbe, hoje Penafiel, és padroeiro.
A lenda diz que agasalhaste o pobre, tão honrada essa “cousa”…
O teu andor a 11 de novembro pelas ruas aqui vê o povo inteiro.
Na Matriz a imagem gasta por séculos todos atrai …
Imensa fé de romeiros e até não crentes respeitosos são.
Imemoriais multidões de preces, alegria de quem vem e vai…
Até o vinho novo provar, com castanhas assadas, que animação!
Baco é nestes dias o Deus clássico que se junta à festa…
Não faz mal, comer rojões, iscas e tortas do padroeiro.
Juntos, com a caneca na mão que barrigas atesta…
Concertinas, braguesas e cavaquinhos para baile de casado e solteiro!
Aos magotes cantam alegremente nas ruas, praças e vielas.
Apinhadas do povo nobre de Penafiel e outras redondezas…
Que bonito na avenida moças e moços a comprar castanhas e até panelas.
Alguns, ainda, com bigodes de vinho, testemunhos de proezas.
Ao sol ou à chuva, tudo se vende, tudo se compra no nosso S. Martinho…
Mas as samarras e até as tamancas são as mais procuradas.
Preparo para o inverno que chega com um agasalho quentinho…
Nas tendas, apregoam-se os melhores preços com ladainhas cantadas.
O cheiro a castanha assada é uma perdição, por estes dias deliciosas!
No feriado, filhos da terra encontram-se na Ajuda, alguns de garrafão.
Quentinhas e boas, as rainhas, à volta da fogueira, são tão saborosas…
Na tenda, com malga de vinho novo que colora lábios de animação.
Vamos à festa em família, como os avós dos avós, diz a canção…
É tradição, porque somos de Penafiel, gente de coração de dar.
Povo de alma maior que, como o S. Martinho, oferece o seu pão…
Alegres, queremos ser em convívio, neste dia, ao padroeiro louvar!
Armindo Mendes
publicado às 01:37
Armindo Mendes
publicado às 01:31
Armindo Mendes
publicado às 18:59
Armindo Mendes
Será d`ouro o que olho?
Ponto luz atrás, é folhagem ?
Que dá o brilho que escolho…
Sem querer, eu grato nessa bela imagem.
Abro os olhos fechados , abraço o espírito…
Para no peito afixar cada nuance, cada raio.
Inspiro, saboreio cada fitar, sou do brilho súbdito…
Para meu espírito clarejar, ao colo caio!
Ver ouro luz em mim …
Segredar sem delongas, nem mordaças.
Porque é gula querer tanto assim…
É sentir, saborear, o quanto faças !
Armindo Mendes
publicado às 18:46
Armindo Mendes
E olhar para poente, indo atrás do Sol que corre para o mar…
À espera da Lua! E na encosta, os tapetes de flores sem fim.
Os gados que rodeiam a capela, onde se quer ficar…
Onde existe um solitário banco de pedra para descanso em mim.
Tantos suspiros no sopro fresco de lá do Marão…
Como o verão que aquece, apetece abrir e enlaçar tudo!
É tatuagem cravada no colo para memória, naquele quinhão,
Algo encantador, imponente, na nossa insignificância que ali saúdo !
Com as estrelas, a hora de partir vai de chegar,
Até lá, não se pare de sonhar, desça-se o trilho da aldeia.
Para encontrar o avô e a avó de alguém e medronhos provar,
Guardiões de outras vivências da serra, sapiência que encandeia.
Sabedoria aquela dos avós dos nossos avós…
E o velho pastor que encaminha as cabras, como outrora.
Que traz de um passado, lá do baú, na colina do tempo,
Um mundo que ouso sonhar : é nosso pelo tempo fora!
Armindo Mendes
publicado às 02:19