No Alto Minho, imagens da bonita aldeia de Lindoso, com os seus 50 espigueiros de granito, dos séculos XVII e XVIII, e o castelo medieval altaneiro que outrora vigiava a fronteira com Castela, ali ao lado.
Ali, com o Gerês no horizonte, somos convidados a sentar numa pedra e, sem pressas, contemplar os espigueiros no sopé do castelo.
Confesso que é um conjunto monumental e histórico com um caráter bucólico que me impressiona, sem igual no nosso país.
No centro interpretativo, no interior do castelo, o espólio evidencia a riqueza histórica e etnográfica daquela aldeia minhota.
Visitar as caves do Vinho do Porto, em Gaia, é sempre um momento revigorador. Não, não estou a falar da possibilidade de degustar o precioso néctar, mas refirmo-me ao caráter sólido de um produto único no mundo, guardado com tanto carinho nas inúmeras caves de Gaia, envelhecendo, com métodos centenários, para gáudio dos apreciadores que o esperam em todo o planeta.
O Vinho do Porto, vindo da região do Douro e envelhecido às portas do nosos Atlântico, é uma marca incontornável do Porto e de Portugal, do qual nos devemos orgulhar, sempre!
Às vezes, se estivermos atentos aos pormenores, basta apontar a câmara do telemóvel, e, com um pouco de sorte, registar um capricho da física, que os nossos olhos mal conseguem observar, mas que a objetiva, com “olhar” de felino, não deixa escapar, para júbilo dos sentidos humanos.
Num fim de tarde de agosto, olhar o horizonte, a partir de Gaia, com o Douro e o Porto, sempre presentes - um regalo para os sentidos, da nossa alma nortenha!
No Porto, cidade de encantamentos, consegue-se sempre obter imagens inesquecíveis. O Douro, os barcos rabelos, as pontes e o casario em socalcos urbanos constituem cenários únicos, multicolores, que não me canso de retratar quando por lá passeio, degustando cada observação.
Fico muito feliz ao perceber que há cada vez mais, turistas estrangeiros, de várias nacionalidades, que têm descoberto esta urbe, este Porto Sentido.
Em tempos que são de crise profunda na generalidade do país observo, numa conhecida praia portuguesa, neste agosto, sinais contrastantes com o que dizem os números da recessão que todos os dias nos inquietam. Sentado numa avenida junto à praia, enquanto outros “tostam” ao sol, constato o desfile, pomposo de viaturas de alta gama, só acessíveis a uns quantos privilegiados. Confesso que fico confuso por uns instantes... Esta gente, aparentemente, continua completamente alienada do que se vai passando em Portugal, penso eu. Expressões felizes acompanham os sinais de riqueza que ostentam em cada pormenor. Uns gozam de conforto fruto do seu mérito, fruto do seu esforço, Mas outros, se calhar, nem por isso! Mas, dou logo comigo a interiorizar e digerir o que há muito se sabe: este é um país cada vez mais contrastante, no qual o fosso entre ricos e pobres é cada vez mais acentuado. No meio fica a dita classe média, a tal à qual ainda penso pertencer, mas que vai claudicando à medida que a austeridade avança. Nesta praia de agosto, de desfile ostentoso para uns quantos, faltam os muitos milhares de portugueses que não têm emprego, que vão sendo arrastados por uma torrente para a qual nada contribuíram. Por isso, contrariando o ditado, se percebe que o sol quando nasce não é para todos...
O castelo de Belver, junto ao Rio Tejo, no concelho de Gavião, é mais um magnífico exemplo da arquitetura militar do período da reconquista cristã.
Vale a pena visitá-lo e perceber quanto a localização deste tipo de fortificações medievais, neste caso, no cimo de um monte, com o Tejo aos pés, era importante para alcançar os objetivos de uma defesa eficaz de um determinado território conquistado aos mouros.
Por lá andei recentemente, visitando-o demoradamente.
Admito que aquele castelo, no alto, quando olhado da praia fluvial do Alamal, na outra margem, junto ao Tejo, exercia em mim um certo encantamento.
Aí estão as férias deste agosto num ano de 2012 cinzentão para muitos portugueses. Apesar dos tempos não serem para euforias veraneias, é um momento para nos libertarmos das apoquentações e descansar o máximo possível.
Para quantos de nós, tugas, em tempo de ócio, não é fácil fechar a porta do mundo real das notícias “troikanas” que nos preocupam e atrofiam a carteira. Mas há que prosseguir, olhando à volta e percebendo que, afinal, o mais marcante é termos saúde e estarmos junto de quem gostamos.
Sim, isso é, de facto, o mais importante. Nas férias podemos fazê-lo com mais tempo. Há que aproveitar, muito!
Aos meus amigos desejo um bom descanso, se possível, com companhias especiais.
Cruel esta crise que atrofia a criatividade dos que gostam de trabalhar naquelas lides que brotam do engenho e da alma. Imerecida esta crise, provocada por algo impessoal, que empurra alguns de nós para comportamentos reativos, nem sempre os mais lúcidos, com o propósito único de obviar às dificuldades de cada momento.
Fixando os números que nos aborrecem, a cada fim do dia, não é fácil apelar aos impulsos da inspiração que nos ajudam a moldar cada frase do nosso dia-a-dia.
Resta-nos ousar continuar a acreditar, cerrando os punhos, já esmorecidos, por mais algum tempo, desejando que, ao amanhecer, aberta a janela do quarto, o ar fresco da manhã nos liberte de um sonho cinzento.