Vitória de Carneiro na Federação do PS Porto também é uma vitória do Porto Interior
A vitória de ontem de José Luís Carneiro nas eleições para a Federação do Porto do PS constitui um momento marcante para a região do Tâmega e Sousa, que vê um dos seus destacados autarcas liderar uma das maiores e mais influentes estruturas partidárias do país.
O autarca de Baião vai ser, com certeza, naquele órgão do PS, uma voz ativa na defesa dos interesses do distrito do Porto, nunca esquecendo a importância e a especificidade do Vale do Sousa e do baixo Tâmega.
O interior do distrito é, há décadas, tratado como de uma forma “menor” pelas estruturas distritais dos dois grandes partidos. Apesar de o Vale do Sousa e o Baixo Tâmega terem quase tanto peso demográfico como a Área Metropolitana do Porto, nunca essa importância foi plasmada na atuação política dos dirigentes distritais.
Há muito que esta região não vê traduzida a sua importância demográfica e económica na atenção que os decisores políticos distritais e nacionais, de todas as cores partidárias, a ela consagram.
Os dirigentes e governantes socialistas e sociais-democratas, cronicamente, nunca se esquecem de se deslocar ao Vale do Sousa e ao Baixo Tâmega quando a palavra de ordem é, em tempos de eleições, assegurar os votos dos mais de 500 mil habitantes da região. Porém, depois, no exercício dos seus cargos, esquecem-se rapidamente da relevância deste território que tanto contribui para a riqueza nacional.
A título de exemplo, repare-se na recente proposta de reforma do mapa judiciário que não prevê para todo este território um único tribunal relevante.
Mas a culpa também é de muitos dos “nossos” políticos da região, porque, quase sempre, quando ascendem a cargos influentes em termos regionais ou nacionais, são acometidos de uma curiosa amnésia relativamente aos que os elegeram.
Não faltam por aí exemplos desses, curiosamente, alguns ainda, idolatrados nos seus concelhos!
Recentemente, o Vale do Sousa viu outro dos seus autarcas ser distinguido com um cargo prestigiado. Trata-se de Pedro Pinto, de Paços de Ferreira, que assumiu a liderança nacional dos Autarcas Sociais-Democratas.
Pedro Pinto e José Luís Carneiro têm uma oportunidade única de, cada um na especificidade dos cargos que ocupam, poderem defender para a região no contexto do país um tratamento, não de privilégio, mas de justiça.
Se o interior do distrito do Porto (Vale do Sousa e o Baixo Tâmega) tem sido, mais uma vez, com o dinamismo das suas indústrias, uma locomotiva para a recuperação das exportações do país, impõe-se, sem molezas, que os responsáveis políticos desta região exijam do Terreiro do Paço e dos seus “tentáculos” mais atenção às especificidades deste território, que é o terceiro do país em número de habitantes, logo atrás das duas áreas metropolitanas.