O saudoso livro dos "calotes"
Armindo Mendes
Há alguns anos que não via um “livro dos calotes”.
Quando era criança, nos idos “setentas”, a minha mãe mandava-me à venda buscar qualquer coisa. A vendeira, dona orgulhosa da mercearia, perguntava sempre era para apontar no dito cujo. Eu acenava que sim e ela apontava a conta do freguês. Este, na circunstância a minha saudosa e querida mãe, ia no fim de semana pagar com os parcos tostões de então.
Mas o dito menino traquina não saía do estabelecimento sem trazer um rebuçado preto, que “chupava” a tempo de se sentar à frente do velho televisor a preto e branco, enquanto este aquecia as válvulas!!! E depois, bem, depois, começava mais um episódio da Pantera Cor-de-rosa, que naquele tempo era acinzentada, apenas…
E o “livro dos calotes” era assim na mercearia da Laurinha, na terra onde vivi a minha infância, em Pevidém, Guimarães. Mas também era assim na padaria do lugar e no peixeiro que, de carrinha, apregoava às freguesas os melhores carapaus fresquinhos.
O menino de calção ouvia o apito da carrinha do homem e apressava-se a chamar a mãe.
Naquele dia do verão quente ia haver peixe ao almoço.