António José Seguro teve uma boa prestação na entrevista de hoje à TVI. A oposição precisa de um líder responsável, equilibrado e com sentido de Estado, capaz de divergir do poder, o que é saudável em democracia. Mas Portugal precisa de uma oposição que apresente propostas substantivas, livres de populismos demagógicos, que não comprometam os desígnios do país, mas que constituam um contributo para uma governação mais equilibrada. Este é o desafio maior de Seguro.
Abundam as notícias da falta de médicos em vários concelhos do interior. Essas e outras notícias do encerramento de serviços e valências vão surgindo todos os dias, do Minho ao Algarve. Engraçado, sem graça nenhuma, esta coisa que se vai passando na dita província, cada vez mais desprovida de serviços, sucumbindo a uma certa forma desumanizada de tomar decisões no conforto de certos gabinetes. Este é um fenómeno que se me afigura irreversível, por ordem de uma administração centralista, egocêntrica e desprovida de uma visão do país real, que ainda não percebeu que esta política só leva a mais pobreza, a mais desertificação, ora por fuga das populações para as grandes cidades do litoral, ora por via da emigração, cada vez mais a única fuga possível para tanta gente. Às vezes, dou comigo a pensar que, se a “troika” deixasse, não seria má solução na cabeça de alguns alienar o interior do país, onde só vive, afinal, “gente” da província. O nosso país ficaria assim, à luz das estatísticas, mais rico ou, bem vistas as coisas, menos pobre. Mas, acrescento eu, este Portugal ficaria depauperado por esquecimentos injustos de uns quanto burocratas engravatados, que a história há-de de registar como um conjunto de disparates de quem não conhece o país real, o país das grande riquezas ancestrais, das raízes da nossa nacionalidade, mas onde todos os dias, nestas terras distantes, uns quantos lutam contra os estigmas da interioridade, ousando sonhar acreditar que é possível remar contra a maré. Amanhã Portugal vai ser um país mais pobre, porque interior, nesta Pátria, começa a ser logo que se sai uns quilómetros de Lisboa ou do Porto.