Incomoda-me um determinado tipo de pessoas que se julgam possuidoras de uma qualquer prerrogativa que, apesar de não ter fundamento, faz delas “especiais”, uma espécie de predestinados.
Todos conhecemos gente assim, até porque percebemos que é gente que usa e abusa desses subterfúgios para se ir evidenciando e disfarçando não raras vezes as suas fragilidades.
Todos conhecemos os que, de meios sorrisos ou sorrisos escancarados - existem para todos os gostos -, se vão pendurando neste ou naquele mais inocente, para, qual degrau, ir subindo uma certa escadaria.
Na sociedade humana, mesmo na menos sofisticada ou em meios pequenos como o nosso, sempre assim foi e, obviamente, sempre assim será, cabendo a cada um de nós lidar da melhor forma possível com esse tipo de gente.
Muitos desses, quiçá escondidos naquela esquina que julgávamos conhecer, acabam até por levar a água ao seu moinho, ora por força das mil e uma artimanhas, ora, em consequência de uma certa “estrela” com que terão nascido, exorcizando como nunca uma certa sociedade que, sabe-se lá por que razão, vai fechando os olhos a uma certa mediocridade.
Esses, de ambição desmedida, no trabalho e noutras tantas coisas, quando chegam lá cima, são os piores, são os mais sobranceiros, porque, portadores de inseguranças tais, outra solução não têm para se perpetuarem num certo poder do que persistirem nos comportamentos egoístas e hipócritas.
Desagradam-me também os que na vida se evidenciam à custa de tudo, menos das valias pessoais ou profissionais.
Prefiro os que, na sua vida pessoal ou profissional, se esmeram diariamente para serem melhores.
Não simplesmente melhores do que os outros, numa óptica competitiva, mas melhores a cada dia que passa para alcançarem os seus objectivos de vida de forma justa e honrosa.
Reconhecer o mérito aos competentes, aos que merecem, aos que, com esforço, tanto lutaram por um determinado objectivo, é um elementar acto de justiça. Esse é um valor que se vai perdendo na nossa sociedade de memória tão curta.
Os comportamentos que não honram este princípio básico são merecedores do meu profundo desprezo, porque os seus autores, sejam eles quais forem, mais ou menos letrados, evidenciam não ter estatura moral.
Acredito que, diariamente, cada um de nós, por entre tantas vicissitudes, deve prosseguir as suas vidas com base nos princípios morais que os nossos pais nos transmitiram, assentes, acima de tudo, no respeito pelo nosso próximo, vendo nele alguém como nós. Se o fizermos, acredito que seremos porventura menos poderosos, menos endinheirados, mas, não tenho dúvidas, mais realizados, pessoal e profissionalmente.
Se assim formos, seremos diferentes do tais, de mil subterfúgios, que, cabisbaixos nas suas inseguranças, perdem tanto tempo a ver fantasmas em tudo o que mexe.
Assim, creio profundamente que teremos mais tempo para sermos verdadeiramente felizes junto dos que amamos, lendo um bom livro, ouvindo uma boa música ou, simplesmente, desfrutando de uma tertúlia com um grupo de familiares e bons amigos à mesa do jantar.
Incomoda-me um determinado tipo de pessoas que se julgam possuidoras de uma qualquer prerrogativa que, apesar de não ter fundamento, faz delas “especiais”, uma espécie de predestinados.
Todos conhecemos gente assim, até porque percebemos que é gente que usa e abusa desses subterfúgios para se ir evidenciando e disfarçando não raras vezes as suas fragilidades.
Todos conhecemos os que, de meios sorrisos ou sorrisos escancarados - existem para todos os gostos -, se vão pendurando neste ou naquele mais inocente, para, qual degrau, ir subindo uma certa escadaria.
Na sociedade humana, mesmo na menos sofisticada ou em meios pequenos como o nosso, sempre assim foi e, obviamente, sempre assim será, cabendo a cada um de nós lidar da melhor forma possível com esse tipo de gente.
Muitos desses, quiçá escondidos naquela esquina que julgávamos conhecer, acabam até por levar a água ao seu moinho, ora por força das mil e uma artimanhas, ora, em consequência de uma certa “estrela” com que terão nascido, exorcizando como nunca uma certa sociedade que, sabe-se lá por que razão, vai fechando os olhos a uma certa mediocridade.
Esses, de ambição desmedida, no trabalho e noutras tantas coisas, quando chegam lá cima, são os piores, são os mais sobranceiros, porque, portadores de inseguranças tais, outra solução não têm para se perpetuarem num certo poder do que persistirem nos comportamentos egoístas e hipócritas.
Desagradam-me também os que na vida se evidenciam à custa de tudo, menos das valias pessoais ou profissionais.
Prefiro os que, na sua vida pessoal ou profissional, se esmeram diariamente para serem melhores.
Não simplesmente melhores do que os outros, numa óptica competitiva, mas melhores a cada dia que passa para alcançarem os seus objectivos de vida de forma justa e honrosa.
Reconhecer o mérito aos competentes, aos que merecem, aos que, com esforço, tanto lutaram por um determinado objectivo, é um elementar acto de justiça. Esse é um valor que se vai perdendo na nossa sociedade de memória tão curta.
Os comportamentos que não honram este princípio básico são merecedores do meu profundo desprezo, porque os seus autores, sejam eles quais forem, mais ou menos letrados, evidenciam não ter estatura moral.
Acredito que, diariamente, cada um de nós, por entre tantas vicissitudes, deve prosseguir as suas vidas com base nos princípios morais que os nossos pais nos transmitiram, assentes, acima de tudo, no respeito pelo nosso próximo, vendo nele alguém como nós. Se o fizermos, acredito que seremos porventura menos poderosos, menos endinheirados, mas, não tenho dúvidas, mais realizados, pessoal e profissionalmente.
Se assim formos, seremos diferentes do tais, de mil subterfúgios, que, cabisbaixos nas suas inseguranças, perdem tanto tempo a ver fantasmas em tudo o que mexe.
Assim, creio profundamente que teremos mais tempo para sermos verdadeiramente felizes junto dos que amamos, lendo um bom livro, ouvindo uma boa música ou, simplesmente, desfrutando de uma tertúlia com um grupo de familiares e bons amigos à mesa do jantar.
Moments in Love, dos Art of Noise é um daqueles temas musicais que considero muito especiais.
Remonta aos "velhos" anos 80 do passado século, quando eu, adolescente, nascia para este estilo musical.
Recordo as noites de Verão em que, na varanda da casa dos meus pais, sentado, de calções numa velha cadeira de praia, ia-me deliciando com esta sonoridade tão insinuante, mergulhado nos amores de então.
O equipamento de som era de fraca qualidade, oriundo de uma cassete, mas o que interessava era um que soava música, ritmada, ao som dos grilos e das cigarras. Conheço muitas versões para esta música. Esta é apenas uma entre outras que poderia recordar agora.
Fechem os olhos ... Espero que gostem. É diferente, muito calorosa ...
Há dias em que tudo parece correr mal e outros em que, de repente, acontece algo especial.
Felizmente, para mim, a semana que agora termina foi uma dessas fases de altos e baixos.
Enfrentando diariamente, na minha empresa, as dificuldades que esta crise económica tem imposto, a par de imprevistas deslembranças de uns quantos ingratos, eis que algo de muito bom acontece no plano profissional.
Permitam-me esta inconfidência: Fui convidado para reforçar o meu vínculo à Agência Lusa, a qual, através da sua direcção nacional de informação, me desafiou, por estes dias, para assumir o estatuto de correspondente para todo o Porto Interior.
Significa isto que, para além do Vale do Sousa, onde já era correspondente, passei a ser o jornalista da Lusa para o Baixo Tâmega, nomeadamente nos concelhos de Amarante, Marco, Baião, Cinfães e Resende.
Este é, sem dúvida, um desafio muito exigente, mas que procurarei corresponder com profissionalismo e com o empenho habitual naquilo que faço.
Foi gratificante este convite, porque significa que o meu trabalho na Lusa tem correspondido de forma positiva aos que na agência têm apostado em mim.
À minha família e aos meus amigos sinceros - poucos, mas bons (eles sabem de quem estou a falar) - o meu reconhecido agradecimento pelo incentivo que sempre me manifestaram.
Num cantinho calmo, ao fim de um dia tão cinzento e frio, sabe bem ouvir "coisas" lindas, quentes, como esta, de Vangelis. Fazê-lo faz-nos acreditar sempre no amanhã, que vale sempre a pena sermos iguais a nós próprios, à espera de novos amanheceres.
Nos tempos que correm, nesta sociedade tão cheia de desigualdades e repleta de egoísmos, tão refém de hipocrisias, as emoções que todos trazemos no peito dos afectos requerem atenção redobrada, sob pena de sucumbirmos.
Em cada esquina, por mais recôndita que seja, há que estar atentos, muito atentos a todos os oportunismos, porque estes são terríveis, quando desmascarados, ainda que anos a fio a praticá-los, ante uma certa inocência.
Cuidado com todos quantos, armados de memória enviesada, outrora fracos, hoje porventura julgando-se fortes, agem com desfaçatez, deambulando pelos corredores, julgando-se maiores do que aquilo que efectivamente são.
Quem de nós já não observou comportamentos de gente que julgávamos conhecer. Comportamentos que não conferem com a matriz da personalidade da dita pessoa, outrora inquilina da nossa consideração.
Alguém há dias me dizia: Os lobos com pele de cordeiro são temíveis, porque sorrateiros, mas também os mais facilmente descartados do seu disfarce.
Manda o bom senso e uma certa utopia: pacientes, mas atentos, cada um de nós, mais vale cerrarmos os punhos do querer e ousarmos acreditar que o trigo da coerência há-de vencer o joio da deslembrança desta sociedade em que todos sobrevivemos.
Confrontados com um determinado pedido, enfrentamos um daqueles momentos na vida em que, incontornavelmente, temos de tomar decisões muito difíceis, porque antes dessas vários factores, até contraditórios, colidem violentamente entre si.
É muito complicado avaliar os prós e os contras de um SIM ou de um NÃO. Como é difícil quando elementos de ponderação de carácter emocional e racional chocam frontalmente.
Uns impelem-nos num determinado sentido, impelem-nos no sentido de levar em conta o peso das relações humanas, como amizades e cumplicidades com tantos anos, tão profundas, que abalam os nossos sentimentos.
Outros, todavia, mais racionais, atentam a factos concretos, obrigam-nos a ponderar de forma mais fria os contextos das decisões, porque, em última instância estão em causa princípios que consideramos inabaláveis, face a silêncios, omissões e evasões que não esperávamos.
Nos dois pratos da balança das emoções, o equilíbrio dificulta a decisão, mas os incidentes recentes, porque tão dolorosos e decepcionantes, determinaram uma opção mais fria - darmos um NÃO a alguém que julgámos no passado recente um amigo sincero, e por isso custosa, muito custosa!
A sessão da AM, a primeira deste no mandato autárquico, se exceptuarmos a realizada com o propósito de eleger a mesa, ficou marcada por vários pontos favoráveis para a Nova Esperança, mas também outros que não correram de feição à maioria.
Havia uma grande expectativa face à prestação dos novos governantes, mas também das bancadas da oposição onde se estrearam alguns novos protagonistas.
a) O presidente da Câmara, Inácio Ribeiro, surpreendeu os deputados ao adoptar uma postura sóbria, num tom moderado. No início da sessão, quando a oposição foi mais contundente nas críticas, acabou por não “embarcar” na onda, preferindo esclarecer, à sua maneira, os deputados numa fase posterior quando os ânimos estavam menos exacerbados. Nesse período manifestou-se seguro e procurou esclarecer o plenário, ainda que sem a clareza que alguns reclamavam, as opções políticas da Nova Esperança. Ao adoptar este estilo, Inácio Ribeiro marcou uma viragem no plano da forma, para melhor, quanto ao que estávamos habituados com o tom crispado, apesar de eloquente, com que a sua antecessora, Fátima Felgueiras, quase sempre respondia aos deputados da oposição.
Por isso, nota positiva para Inácio Ribeiro no plano da forma.
b) Já no plano dos conteúdos, a prestação de Inácio Ribeiro não desiludiu, mas podia e devia ter sido mais bem conseguida, sobretudo porque nem sempre conseguiu responder de forma clara às várias questões dos deputados da oposição, nomeadamente quando foi confrontado com a acusação de que o orçamento é demasiado parecido com o do ano passado, bem como em relação ao actual momento financeiro da autarquia. Já quanto à opção do executivo de acabar com a tarifa de conservação da água, Inácio Ribeiro não potenciou perante o plenário o capital político que poderia advir dessa decisão. Outros tê-lo-iam feito, com certeza.
Em nome da transparência, um presidente de câmara, sobretudo quando se está há tão pouco tempo no poder, tem o dever de esclarecer os deputados sobre tão importantes matérias. Ao não fazê-lo de forma tão profunda quanto era expectável, se por opção estratégica ou inabilidade política, Inácio Ribeiro acabou por não reproduzir a determinação que alguns dizem caracterizá-lo, transparecendo alguma inexperiência.
c) O presidente da Câmara anunciou aos deputados que o seu executivo não vai lançar este ano a derrama, um imposto municipal que afectaria os empresários do concelho.
Ao fazê-lo, a nova câmara dá um sinal de preocupação face asa dificuldades por que passam muitas empresas no sector.
No plano das famílias, Inácio Ribeiro adiantou que já no próximo ano lectivo a autarquia vai garantir livros escolares gratuitos a todos os alunos do primeiro ciclo, cumprindo assim uma promessa eleitoral.
d) Ficou muito mal à maioria da Nova Esperança ter chumbado a proposta do Movimento Sempre Presente para constituição de um grupo de trabalho para a análise do preço da água em Felgueiras. Esta decisão política da nova maioria surpreendeu, porque não revelou o espírito de abertura e transparência que tanto se propalou durante a campanha. Ser-se tolerante no plano político manifesta-se nos actos, não apenas nos discursos para as multidões.
Argumentar-se que esse estudo já está a ser feito pela autarquia é demagogia, porque se sabe que se o trabalho fosse feito com representantes de todos os partidos seria inequivocamente mais plural e por isso credível.
e) O presidente da Assembleia Municipal, Paulo Rebelo, que se estreou nestas funções, também esteve em plano positivo, porque conduziu os trabalhos de forma distendida, porventura até em demasia. Já estávamos todos cansados do estilo do anterior presidente, Orlando Sousa, que fazia uma interpretação demasiado rígida do regimento e não raras vezes conduzia os trabalhos com alguma parcimónia para com Fátima Felgueiras, o que raramente acontecia para com a oposição, criando desequilíbrios geradores de atritos. Ao invés, o estilo de Paulo Rebelo, em determinados momentos demasiado benévolo na interpretação do regimento, propiciou a discussão política dos deputados, inclusive os da oposição, e isso deve ser aplaudido com ênfase.
Espera-se, contudo, que na próxima sessão, com o acordo prévio de todos os grupos parlamentares, se encontre um meio termo entre o que eram as sessões da AM no tempo de Orlando Sousa, demasiado seguidistas do regimento, e a que ocorreu dia 30, que se prolongou para além do que era razoável.
Louve-se também o facto de, por iniciativa de Paulo Rebelo, os jornalistas terem contado com condições de trabalho, o que não acontecia no passado.
f) A oposição teve dois registos distintos nesta AM. Do lado do PS, percebeu-se que havia trabalho de casa, que as críticas eram sustentadas e tinham um fio condutor. Não se percebeu foi a linguagem demasiado contundente, sobretudo por Inácio Lemos, que acabou por tirar algum brilho a intervenções bem gizadas no plano político.
Já do lado do MSP, verificou-se uma linha igualmente crítica, mais mais moderada, com Lemos Martins, contrastando com o lhe tínhamos visto no anterior mandato, a protagonizar intervenções assertivas em vários planos, mas sempre num registo construtivo, o que tem que se louvar.
g) Já do lado da bancada da Nova Esperança, notou-se alguma dificuldade em defender, de forma sustentada, algumas opções políticas do executivo que ajuda a suportar.
Ficou-se com a imagem de algum improviso quanto à defesa no momento em que a oposição acusava o executivo de ter preparado um orçamento para 2010 decalcado do que Fátima Felgueiras apresentou o ano passado.
Alírio Costa, o líder, podia e devia ser mais afirmativo na sustentação das teses do poder, especificando com mais afinco números e outros elementos, em vez de se refugiar em lugares-comuns. Já José Mendes, quando na oposição sempre tão minucioso nas críticas aos orçamentos, agora, do lado do poder, revelou algumas dificuldades em explicar o porquê deste orçamento ser, afinal, tão parecido com o anterior.
Do lado do CDS, representado na bancada da maioria por Rui Sousa, apesar das importância das matérias em análise pelo plenário, não se ouviu qualquer intervenção, o que não deixa de constituir algo surpreendente para um partido que procura legitimamente o seu espaço próprio no quadro da Nova Esperança.
Em bom nível esteve Joaquim Ribeiro, do PSD, que explorou com êxito algumas contradições no discurso das oposições.
Vítor Vasconcelos também se evidenciou quando defendeu nos planos político e técnico a opção da maioria de acabar com a tarifa de disponibilidade da água.
Em Felgueiras, a vitória da Nova Esperança foi o momento mais relevante, porque se traduziu numa viragem política ímpar no concelho.
Naquela noite fiz muitas imagens que hão-de fazer história e reproduzem a alegria dos apoiantes dos vencedores.
Esta imagem não é a mais impressionante dessa noite de emoções fortes, mas é a minha preferida, porque nos olhares dos apoiantes percebe-se uma onda de esperança, uma vontade imensa de mudança...
... Que os governantes de hoje se inspirem nestes olhares para porem em marcha o processo de mudança que se esperava nas políticas, no discurso, nas práticas e nalguns rostos do passado recente.
É que muitos felgueirenses, incluindo eu próprio, ainda não conseguiram vislumbrar, em determinados e inquietantes pormenores, a mudança propalada!
Por entre tempestades e tormentas, a caravela logrou escapar vezes sem conta ao naufrágio que Velhos do Restelo da velha urbe lhe pressagiaram.
Alguns anos volvidos sobre o desembarque, numa enseada de águas calmas, a bordo de uma embarcação tipo “casca de noz”, partiu-se para uma “epopeia”com muitas milhas para contar e poucas bolinas com que contar.
No horizonte, desenhava-se, primeiro o Bojador, depois o desconhecido...
As nossas velas latinas e quilhas, escudadas na perseverança, foram suficientemente robustas para resistir aos ventos e vagas de estibordo e bombordo.
À proa ou à ré, fomos hirtos para com os povos hostis. Fomos hospitaleiros para os bons que nas praças onde atracávamos, também como nós, acreditavam, tinham a fé, de que, depois da tormenta, aconteceria a bonança.
Na espuma dos dias, “armados” de astrolábios que nos apontavam o rumo certo, com alguns desses enfrentámos o Adamastor, vencemos o Cabo do Medo e acreditamos no Cabo da Boa Esperança.
Nunca esta humilde, mas honrada tripulação se considerou em cruzada contra uns quantos “piratas”. Nunca nos mares agrestes, nos cabos mais temíveis, nos ousamos considerar invencíveis ante a armada que se julgava, essa sim, invencível.
Nas batalhas que travámos, em nome de princípios, quantas vezes isolados num mar imenso, temores nos quiseram impor, canhões de Norte e de Oeste sobre nós cuspiram fogo e garrotes nos quiseram asfixiar.
Mas, à proa desta caravela, cerramos punhos, resistimos, navegámos, acreditando sempre num novo amanhecer para lá do horizonte.
Vencido o Adamastor, a nossa epopeia assentou âncora em porto seguro, para dar descanso a mastros e casco desgastados.
Nesta praça de bonança, da nossa barca partiram para destino certo os que, a bordo, connosco, na nossa esteira, ousaram vencer o Cabo das Tormentas.
Esses, por vontade do destino, foram chamados.
Dos novos “regedores” da plebe, agora conhecidos aquém e além mar, por tão heróico feito, se esperava muito.
Tanto da sua torre de menagem que um dia, escribas do futuro, os relatassem merecedores de honrarias pelos tributos prestados aos plebeus.
Recolhidos os bronzes que um dia histórico retumbaram sobre a armada invencível, para gáudio de uns quantos, no convés desta barca mantém-se quem, agora como dantes, acredita nas virtudes de um leme robusto.
A bordo, saradas as feridas, desfrutou-se finalmente o gozo de um novo raiar.
Mas os vivas à nova aurora foram calados por murmúrios na velha e altaneira torre acometida de inusitada deslembrança.
Pois reza esta estranha crónica que, na casca de noz, levanta-se agora a âncora, reerguem-se as velas ao vento, presas por cordas dos que acreditam que vale sempre a pena enfrentar mesmo as mais ingratas das tormentas humanas.
Como das outras vezes, logo que suba a maré, há que retomar a viagem, à descoberta de destinos, de ventos alísios.
Para lá ou para cá da linha do horizonte?
Só o correr dos dias, desta maresia, estranhamente tardia, há-de esclarecer.
Para trás ficam os humildes de tempos idos, investidos agora de honrarias “muy” grandes.
Bem sabemos que nos esperam novos promontórios, mares baixios ou águas tumultuosas que só timoneiros calejados por batalhas passadas poderão bordejar, na descoberta, quiçá, de novos portos seguros.
Diz o trovador que cartas náuticas repousam num baú no fundo do convés. Nessas, com tinta da china, ficaram registadas as rotas que um dia honrosamente gizámos por “mares nunca dantes navegados”.
São caminhos marítimos e destinos que um dia esta barca, se chamada por faróis de alarme, pode retomar para ajudar a vencer novos adamastores.
Para já, desfrutemos destes dias de névoas calmas, navegando à bolina do destino, que vamos carteando neste diário de bordo…