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Marca d'Água

Marca d'Água

24
Fev07

Bailinho da Madeira


E na Madeira as coisas andam agitadas, com o frenesim de Alberto João Jardim e seus pajens, que agora parecem determinados em ir de novo a votos. As últimas notícias apontavam para a possibilidade de o presidente do governo regional, insatisfeito com as directrizes do governo da República, se demitir a assim convocar uma ida às urnas naquele arquipélago.
Gostando-se ou não do estilo insólito do homem (pessoalmente até nem gosto), temos de reconhecer que esta poderá ser uma jogada de mestre, se analisada numa óptima da real política. Com as eleições, se as mesmas forem mesmo por diante, Jardim poderá matar vários coelhos com um único tiro certeiro. Em primeiro lugar, potenciando politicamente em proveito próprio o conflito que mantém com o continente, reúne condições ímpares para reforçar de sobremaneira a sua maioria absoluta na Madeira, cujo eleitorado não deixará de estar indiferente à saga que o seu presidente protagoniza. O homem do leme madeirense vai também criar um engulho do tamanho do Pico Ruivo aos amigos de Sócrates na Madeira. O PS local, vergado a sofrer o desgaste das políticas dos seus camaradas de Lisboa, arrisca-se a sucumbir à maior derrota de sempre, o que será um golpe profundo da recuperação eleitoral que vinha conseguindo nos últimos anos num território hostil. As feridas socialistas na Madeira poderão obrigar os dirigentes locais a um retiro no rochedo de S. Vicente.
Dada como certa prossecução deste objectivo estratégico, Jardim estancará a perda de peso eleitoral que o seu partido tem vindo a registar nos últimos embates. Esta inesperada ida às urnas, no contexto em que deverá ocorrer, ajudará ainda a justificar uma nova recandidatura. Fazendo jus à fama, numa linha bem populista, alegará agora Jardim que se candidata por uma razão suprema de defesa dos mais altos interesses da Madeira. Jardim porá também o presidente do seu próprio partido numa situação delicada. Este, por uma questão de solidariedade partidária, poderá ter de se expor ao lado do líder madeirense, algo que não abonará muito à depauperada imagem de Mendes, tendo como premissa que Jardim não suscita grandes simpatias na “metrópole”. Sócrates também não deverá sair ileso deste bailinho da Madeira. O primeiro-ministro, com a mais do que provável reeleição do líder madeirense, terá de continuar a manter um braço de ferro com aquela parcela do território português. Este ambiente acaba por desgastar o líder socialista, que fica exposto às incursões linguísticas politicamente incorrectas de Jardim. Mas mais preocupante é o facto deste clima poder estar a alimentar um sentimento independentista que leveda em alguns sectores madeirenses, que têm agora terreno fértil para esgrimir argumentos contra o “poder centralista” do continente, com consequência imprevisíveis.
Concluo esta análise com um princípio básico que deve ser observado. Independentemente de Jardim ter ou não razão em alguns argumentos que apresentará, o presidente do governo regional tem de perceber uma coisa: Portugal é uma democracia, com regras de funcionamento bem delimitadas, em que o poder executivo do governo eleito pelos portugueses tem toda a legitimidade para pôr em marcha as políticas que entende serem vantajosas para o todo nacional. Sustenta o actual governo que as limitações orçamentais impostas à Madeira são vantajosas para o país. O executivo regional só tem de as aceitar, independentemente de com elas concordar ou não. Quando muito, Jardim, alegando a eventual violação do estatuto de autonomia madeirense, poderia questionar a legalidade da decisão do governo central, mas também nesse campo as coisas não lhe terão corrido bem, caso contrário o Presidente da República não teria promulgado a decisão do Governo de Sócrates.
Alberto João Jardim deveria ser lúcido e perceber que a sua ilha não pode ficar à margem do esforço nacional que está a ser pedido a todos o portugueses e a todos os sectores da administração pública. Quem por lá já passou sabe que a Madeira é um território desenvolvido e que, por isso, numa óptica de subsidiariedade, o esforço nacional deve ser agora direccionado para regiões mais deprimidas do país.
PS - Só para terminar, quero aqui enaltecer a recente celebração de protocolos de transferência de recursos da Câmara de Amarante para as juntas de freguesia do concelho. Estas, mais uma vez, vão poder executar inúmeras obras, nas diferentes áreas, contribuindo-se para o desenvolvimento homogéneo de todo o território concelhio.
Armindo Abreu e a sua equipa demonstram, de novo, a sua vontade de descentralizar, delegando competências, atribuições e recursos nas juntas de freguesias.
Amarante, também neste ponto, é um bom exemplo para o país.
05
Fev07

> Portagens à entrada das grandes cidades!


O governo está a admitir a possibilidade de aplicação de portagens nas entradas das cidades do Porto e Lisboa, procurando assim diminuir o número de veículos que todos os dias entram nas duas metrópoles portuguesas. A ideia é procurar contribuir para a redução da poluição em Lisboa e Porto, que são dos mais altos das cidades europeias.
A ideia até parece interessante, mas a sua aplicabilidade revela-se complexa, sobretudo porque irá esbarrar em duas pedras de toque. A primeira reside no facto de as alternativas aos automóveis serem muito más, sobretudo no Porto. As redes de transportes públicos estão longe de corresponder às necessidades. Os autocarros em horas de ponta andam sempre sobrelotados, a rede de metro está ainda numa fase incipiente em termos de cobertura da cidade e os comboios suburbanos também estão longe de corresponder às necessidades. Imagine-se o que seria condicionar a entrada de veículos na cidade e o que isso poderia resultar em termos de ruptura das redes de transportes colectivos.
Além do mais, esta eventual decisão esbarraria na crónica resistência de muitos portugueses, que insistem em levar os carros, se possível, até à porta do supermercado. Muitos compatriotas, eu diria a maioria, são comodistas e têm poucos hábitos de andar a pé ou de transportes públicos. Gostam de levar o automóvel para todo o lado e estacioná-lo tão perto quanto possível do destino, não raras vezes em situações pouco abonatórias para as regras de civismo.
Tenho muitas dificuldades em imaginar determinados portugueses, habituados a mordomias de locomoção, serem agora obrigados a viajar de autocarro ou comboio.
Por outro lado, muitos de nós desconfiam que esta pode ser mais uma forma encontrada sub-repticiamente pelos poderes públicos para encaixar mais uma receita. Será uma espécie de taxa moderadora do trânsito. Será que vão mais uma vez invocar a benignidade da motivação oficial da medida para sustentar mais uma receita para uma administração ávidas de recursos, seja ela local ou nacional?

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