Não aprecio a "moda" de quem escreve sem acentos gráficos
Não levem a mal o desabafo, mas confesso que, por estes dias de tanto trabalho de edição, é difícil conviver com muitos "escritos" que me têm passado pelas mãos, de vários autores, sobretudo por em quase todos encontrar erros grosseiros de acentuação das palavras, ou, para ser mais rigoroso, na completa falta de acentos gráficos!
Há anos que venho notando essa dificuldade em muitos, profissionais e não profissionais da escrita, que redigem coisas, mas confesso que, nos últimos tempos, o cenário tem-se agravado.
Há cada vez mais gente, incluindo muitos ditos “letrados” que, com o maior desplante, nuns casos, e ignorância noutros, discorrem sem acentuar as palavras, publicando as suas profundas reflexões na web e noutros canais! Até nas legendas dos noticiários televisivos a praga vai grassando.
E a moda tem proliferado com as redes sociais, onde tanta gente, nos comentários, a coberto de um certo facilitismo, escreve sem usar acentos! E quando chamamos à atenção de umas pessoas por escreverem sem acentos, essas acham normal e até gozam connosco por sermos uns “betinhos” que nos damos ao trabalho de "escrever direitinho"!
Aquilo começa a ser tão banal, que já ninguém, ou quase ninguém, liga! Qualquer dia escrever sem acentos vai tornar-se regra!
Quando eu andava na escola primária, apanhava uma reguada por cada erro ortográfico, incluindo a falta dos acentos. E quando comecei a redigir notícias nos computadores, o meu editor não permitia o uso de corretores ortográficos digitais, o que me obrigava a escrever tudo direitinho! Quando tinha dúvidas, consultava um pequeno dicionário que estava sempre na minha mesa de trabalho. E assim fui-me obrigando a escrever as letrinhas todas, até os acentos!
Hoje, vale tudo, sobretudo para a malta mais nova que, salvo raras exceções, tão formatada nas conversas de chat e SMS, maltrata a nossa língua com uma forma de escrever no mínimo patética!
Temo que o cenário se vai agravar ao ponto de o próximo acordo ortográfico terá de fazer mais umas cedências e deixar cair uns quantos acentos gráficos para corresponder à "evolução dos tempos”.
E assim vai-se vilipendiando aquela que é uma das marcas mais identitárias da nossa nacionalidade portuguesa – a nossa língua!
Foi apenas um desabafo da minha parte!