Caminhar, caminhando, nos caminhos em redor de Covelo do Monte
Por estes dias, caminhei mais uma vez pelas serranias do Marão, desta vez por trilhos em redor da aldeia de Covelo do Monte, um pequeno burgo com casas de xisto.
Com uma ótima companhia, sem surpresa, voltei a avistar paisagens fantásticas, desfrutando da natureza em todo o seu esplendor, numa manhã de verão!
A beleza dos montes misturava-se, nesta caminhada com os leitos de pequenos regatos, quase secos pelo calor, e uma ruralidade bucólica, tão próxima das gentes que restam daquele povoado, tão pouco conhecido, encravado nas entranhas do Marão.
No sobe e desce das encostas, às vezes ladeados por pinhais, abrigos de montanha abandonados e colmeias, enquanto os pés pisavam pedaços de xisto nos trilhos acidentados, os nossos pulmões agradeciam a bênção daqueles ares tão puros.
Esperavam-nos também vistas com campos de milho e hortas que ladeavam caminhos rústicos, com rochas esventradas pelas rodas dos carros de bois que se escondiam, quiçá, em pequenos resguardos feitos com xisto.
Também ali, abrigados pela sombra de um carvalho, degustámos as amoras silvestres.
Quando subíamos mais alto, às vezes parávamos e, simplesmente, olhávamos e sentíamos o que a natureza nos oferecia. Tão bom!
Ante o céu azul, aquele silêncio num horizonte de montanhas é ouro! Nem a presença sonora dos chocalhos do gado maronês ousava estragar, antes pelo contrário, são sons que contribuem para adensar o sossego de quem simplesmente, às vezes, prefere estar surdo ao que vem lá de longe, da cidade.
Sim, não custa nada, basta apenas caminharmos até lá e deixarmo-nos ser parte daquele conjunto tão simples, mas tão belo.
Vale sempre a pena caminhar por sítios tão bonitos que o nosso país oferece.
Só a aldeia de Covelo do Monte já não tem o encanto de outros tempos, sobretudo porque construções recentes agridem o casario de xisto original, ferindo o que resta do caráter bucólico do velho lugar!