Submundo das incoerências e deslembranças
Há momentos na vida em que somos surpreendidos com decisões de outrem, do modo facto consumado, que, para além de nos surpreenderem, afiguram-se-nos difíceis de assentir, à luz dos princípios que norteiam a nossa forma de ser e de estar nas coisas.
A incoerência de comportamentos, posturas e atitudes, baseada na grosseira falta de memória, à luz sabe-se lá do quê, que quase tudo apaga, desculpa e relativiza, em nome de objetivos ditos transcendentes, é algo que me recuso a aceitar.
E quando isso ocorre, sentimo-nos inaptos para entender essas posturas, de interpretá-las, de discerni-las no plano da lógica, porque vão para além do que consideramos tangível, acomodável nos nossos limites da razoabilidade.
Aludidas por outrem putativas justificações, que nos ressoam como redundâncias vãs, quedamo-nos, ora e outra vez, na incredulidade, vergados, outrossim, à nossa natureza de seres que, uma e outra vez, temos de aprender a conviver com o lado dito “pragmático” da sociedade.
Sob pena de, se o não fizermos, sermos perpassados por outros, porventura até menos dotados, mas mais providos de uma certa destreza, capazes de gravitar, sem tibiezas de consciência, no tal submundo das incoerências e deslembranças.
Quase sempre assim acontece, desde os tempos da génese da democracia, na Grécia antiga!