Cada órgão de comunicação regional que fecha é o pluralismo que definha
Sucedem-se as notícias de encerramento de vários órgãos de comunicação social regionais: algumas rádios e muitos jornais que se vão calando, empobrecendo o pluralismo e com ele a democracia.
Os tempos são difíceis. É duro observar à nossa volta e ver definhar OCS da região, há não muito tempo observados como referência de qualidade, arrastando jornalistas e outros profissionais para a incerteza do dia seguinte, à porta do centro de emprego.
São páginas de jornais, outrora ricas de informação, que se fecham sem retorno. São microfones de rádios que brotavam notícias e que agora se calam, impotentes face à força das circunstâncias, à brutalidade da crise que cala a nossa voz.
Às dificuldades da mudança no paradigma da comunicação, algures entre o papel e o online, que nos confrontam com dúvidas diárias sobre como, quando e onde apostar, acrescem as circunstâncias de uma conjuntura económica muito difícil, com a qual nunca me tinha confrontado em 20 anos de profissão.
Estamos perante uma conjugação de fatores adversos que nos fazem refletir todos os dias sobre o futuro ou a falta dele neste setor de atividade.
Resultado da recessão que avança desde 2010 nas pequenas e grandes economias, o mercado publicitário vai emagrecendo, acentuando as dificuldades que OCS regionais que dele dependiam quase na totalidade para manterem o seu equilíbrio financeiro.
Às vezes sinto que a luta diária que travamos é inglória, tão grandes são os obstáculos que se nos colocam e que nos transformam, quiçá, em presas frágeis às investidas eivadas de outros valores.
Valerá a pena, nesta conjuntura, continuar a nossa missão de informar, de serviço público, sem comprometer valores que nos são tão caros como a nossa independência?
Se, como se receia, a economia não conseguir no médio prazo inverter este ciclo de declínio, as dificuldades vão continuar a calar muitas vozes, a cada dia que passa, até ao silêncio final, até ao deserto das notícias... empobrecendo a democracia.