O sol, quando nasce, não é para todos!
Armindo Mendes
Em tempos que são de crise profunda na generalidade do país observo, numa conhecida praia portuguesa, neste agosto, sinais contrastantes com o que dizem os números da recessão que todos os dias nos inquietam. Sentado numa avenida junto à praia, enquanto outros “tostam” ao sol, constato o desfile, pomposo de viaturas de alta gama, só acessíveis a uns quantos privilegiados.
Confesso que fico confuso por uns instantes... Esta gente, aparentemente, continua completamente alienada do que se vai passando em Portugal, penso eu.
Expressões felizes acompanham os sinais de riqueza que ostentam em cada pormenor.
Uns gozam de conforto fruto do seu mérito, fruto do seu esforço, Mas outros, se calhar, nem por isso!
Mas, dou logo comigo a interiorizar e digerir o que há muito se sabe: este é um país cada vez mais contrastante, no qual o fosso entre ricos e pobres é cada vez mais acentuado.
No meio fica a dita classe média, a tal à qual ainda penso pertencer, mas que vai claudicando à medida que a austeridade avança.
Nesta praia de agosto, de desfile ostentoso para uns quantos, faltam os muitos milhares de portugueses que não têm emprego, que vão sendo arrastados por uma torrente para a qual nada contribuíram.
Por isso, contrariando o ditado, se percebe que o sol quando nasce não é para todos...